quarta-feira, 10 de setembro de 2014

PETRÓLEO - Brasil terá maior crescimento na indústria do petróleo.


Agência americana vê Brasil entre as maiores contribuições para o aumento da oferta global do combustível, mas alerta para cotações declinantes e índices de conteúdo local
Com a exploração do pré-sal, o Brasil terá a maior taxa de crescimento na produção de petróleo nas próximas décadas, prevê a Agência de Informações em Energia do governo dos Estados Unidos (EIA, na sigla em inglês). Segundo relatório divulgado ontem, o volume extraído no país atingirá, em 2040, 4,5 milhões de barris por dia, alta de 119% com relação ao verificado hoje. A agência, porém, alerta para a necessidade de pesados investimentos em um cenário de preços mais baixos e eventuais riscos provocados pelos altos índices de conteúdo local estipulados pela legislação brasileira do setor de petróleo e gás.
“Quase todo o crescimento líquido da produção fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode ser atribuído a apenas cinco países: Canadá, Brasil, Estados Unidos, Cazaquistão e Rússia”, diz o relatório Panorama Internacional da Energia 2014. O documento coloca o México também com boas perspectivas de aderir ao grupo, dependendo dos resultados da reforma energética em curso no país, que abrirá o segmento de óleo e gás para a iniciativa privada depois de 75 anos de monopólio.
Em termos absolutos, o Canadá apresenta o maior potencial de crescimento entre os países fora da Opep, com a produção passando de 2,9 milhões para 5,9 milhões de barris por dia até 2040, alta de 104%, impulsionada pela exploração das areias betuminosas da região de Alberta. Com uma projeção de alta de 119% no mesmo período, o Brasil ocupa a primeira posição em termos relativos e a segunda em números absolutos, com o incremento de 2,45 milhões de barris por dia à sua produção.
“Algumas das maiores descobertas de petróleo nos anos recentes foram feitas no pré-sal brasileiro. Além do potencial para incrementar significativamente a produção de petróleo do país, as áreas têm perspectivas de reservas consideráveis de gás natural”, avaliam os técnicos da EIA, lembrando que a Petrobras tem como meta atingir a marca de 2,75 milhões de barris por dia em 2017. Para a agência, porém, as vastas reservas brasileiras só são viáveis porque os preços do petróleo encontram-se “relativamente” altos, o que garantiu o desenvolvimento de tecnologias de extração em águas ultraprofundas.
“Está claro que serão necessárias condições favoráveis para atrair o investimento estrangeiro de companhias com tecnologia que pode ajudar a desenvolver os recursos”, completa o documento, em uma crítica a mudanças recentes na legislação brasileira, que delegaram à Petrobras o papel de operador único dos campos do pré-sal e estipulam índices de conteúdo local de 59% para poços em produção a partir de 2021. A avaliação corrobora reclamações de companhias privadas com interesses no Brasil, que reclamam para si o direito de operar projetos na maior província petrolífera descoberta recentemente no mundo.
Com relação aos preços do petróleo, a EIA confirma projeções de queda nos próximos anos por conta do excesso de capacidade global de produção — ontem, a cotação do Brent atingiu a mínima de 17 meses, fechando o pregão em Londres a US$ 99,16 por barril,em sua quarta queda consecutiva. Segundo o relatório, a cotação do Brent recua para a casa dos US$ 92 por barril em 2017, em um cenário de referência, para depois subir consistentemente até US$ 141 por barril em 2040 — abaixo dos US$ 165 por barril projetados na versão anterior do relatório.
No cenário de preços mais baixos, a cotação poderia atingir US$ 70 por barril em 2016. A diferença depende de confirmação das projeções de crescimento da demanda e da oferta global nos próximos anos. O relatório considera, em seu cenário e referência, crescimento da economia global a taxas de 3,5% ao ano, que levaria o consumo de petróleo e derivados dos atuais 87 milhões para 119 milhões
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de barris por dia em 2040. O maior crescimento econômico e “praticamente” todo o aumento do consumo se darão em países fora da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na América do Sul, a demanda passará de 6 milhões para 8,6 milhões de barris por dia.
“Algumas economias da região, notadamente Brasil, Colômbia e Peru, devem continuar a experimentar expansão econômica no longo prazo, que vai suportar a crescente demanda por combustíveis líquidos, principalmente para transportes, mas também no setor industrial”, diz o texto. “O Brasil, maior economia da região, responde por mais da metade do crescimento da demanda no cenário de referência”. As projeções também não consideram, no período a possibilidade de choques de oferta como os que levaram às crises do final dos anos 70.
Segundo o texto, os países da Opep, que hoje concentram quase metade da produção global de petróleo vão acrescentar 14,2 milhões de barris à oferta até 2040 — grande parte do aumento será proveniente do Oriente Médio, notadamente, da Arábia Saudita. O Iraque, que já reviu para baixo suas metas de aumento da produção (de 12 milhões para 9 milhões de barris por dia), terá dificuldades para cumprir o projetado, segundo o texto, devido aos conflitos com o grupo Estado Islâmico.
O Brasil terá importante contribuição também no crescimento da oferta de biocombustíveis, com uma oferta adicional de 500 mil barris por dia até 2040. A produção global de “outros líquidos” (biocombustíveis, gás natural liquefeito e combustíveis a partir do gás natural) entre países fora da Opep crescerá de 8,5 milhões para 14,2 milhões de barris por dia.
Fonte: Portal Brasil Econômico

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