Escândalo de boca de urna não colou em Dilma
Foi ação
calculada o vazamento de acusações vagas, feitas pelo ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, contra governadores,
ministro, empresas e parlamentares da base governista integrantes de um
suposto esquema de corrupção nas entranhas da maior estatal brasileira, a
empresa mais importante do País.
O juiz do
processo, o rigoroso Sergio Moro, não gostou da publicidade dada a um
depoimento, ainda incompleto, sob segredo de Justiça, criptografado e
despregado dos fatos capazes de sustentá-lo.
Não há nada
ocasional nessa história. A informação vazada e vazia de provas ocorreu
em momento calculado, para embaralhar a eleição que parecia arrumada e
projetava, como ainda projeta, um confronto de segundo turno entre Dilma
Rousseff e Marina Silva.
Marina surpreendeu-se com a inclusão de Eduardo Campos na panela. Aécio ficou mais à vontade para atacar as duas opositoras.
O alvo era a
candidatura da presidenta. Com o peso da autoridade e a imagem
preservada pela seriedade, ela tem reafirmado constantemente um
comprometimento profundo, política e administrativamente, com a
Petrobras. Atingida por denúncias ainda em fase de apuração, as
acusações provocariam mais danos à imagem da empresa e ricocheteariam na
candidatura de Dilma.
Exceto pelo
vaivém da Bolsa de Valores, provocado pelos adversários de sempre, os
danos não ganharam a proporção desejada. Houve, ao contrário, bônus para
os especuladores mais famintos.
No caso da
candidata petista, isso se comprova com o resultado de três últimas
pesquisas de institutos diferentes, realizadas praticamente no mesmo
espaço de tempo. Ou seja, entre os dias 5 e 9 de setembro, logo após,
portanto, de as acusações explodirem na mídia conservadora sempre
sequiosa por boatos contra o governo e o PT.
Em resumo, Dilma, à frente, sobe. Marina, em segundo lugar, desce, e Aécio empaca em terceiro lugar.
As acusações
provocaram, porém, efeito profundo no discurso dos candidatos. Os temas
políticos, econômicos, o plano para governar, tudo foi sufocado pelo
programa das acusações recíprocas. Nesses casos, quem está no poder, com
o telhado de vidro sempre à disposição dos opositores, sai prejudicado.
Acusar é mais fácil do que debater.
Assim fez
Aécio. E talvez não tenha tomado o melhor caminho para ele próprio.
Atacou Marina, sua adversária imediata. Foi mais duro com Dilma como se
tivesse gana de desconstruí-la como candidata.
A acusação
tomou o lugar do debate temático, em que a presidenta Dilma, malgrado o
seu fraco desempenho na oratória, tem um enorme estoque de realizações e
propostas para apresentar ao eleitor.
A
inconsistência das acusações, caso não surjam provas reais, fará a
campanha voltar ao leito normal. É de se esperar. Os problemas
brasileiros vão muito além da corrupção gerada nos vícios de uma
sociedade permissiva.
CARTA CAPITAL
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