segunda-feira, 15 de setembro de 2014

POLÍTICA - Faltam só 20 dias.

Faltam só 20 dias: O que ainda pode mudar na reta final?

  
dilma ok Faltam só 20 dias: O que ainda pode mudar na reta final?
Foto Marina Silva: Candidata do PSB participou de debate Visões do Futuro no centro do Rio de Janeiro (RJ) na sexta-feira (12) / Crédito: Marcello Dias/Futura Press/ Estadão Conteúdo
Foto Dilma Rousseff: Candidata do PT participou de caminhada em Alcântara, São Gonçalo (RJ) na sexta-feira (12) / Crédito: Ichiro Guerra/Divulgação
Marina Silva cobra, com razão, que os adversários apresentem seus programas de governo. A  contar desta segunda-feira, faltam apenas 20 dias para as eleições e, até agora, Dilma Rousseff e Aécio Neves apresentaram apenas uma penca de propostas, anunciando quase diariamente novos projetos para melhorar a educação, a saúde, a segurança e a vida em geral na face da terra, nada que se assemelhe a um programa de governo com começo, meio e fim.
 
Logo após assumir a candidatura do PSB em lugar de Eduardo Campos, um mês atrás, Marina anunciou solenemente seu programa de governo, e se deu mal, recolhendo mais prejuízos do que dividendos eleitorais.
Na pressa, montou uma colcha de retalhos na base do "copie e cole", arrumando confusão em várias áreas, dos gays aos ambientalistas seus seguidores, obrigando-a a fazer uma série de recuos e erratas nos dias seguintes, e ainda ofereceu uma arma poderosa à presidente da República que disputa a reeleição, ao tratar com menoscabo o pré-sal, principal bandeira da candidata do PT. A proposta de independência do Banco Central, defendida pela sua fiel escudeira Neca Setúbal, completou o estrago.
Eu mesmo cobrei bastante, aqui e no Jornal da Record News, que os candidatos apresentassem seus programas de governo, em lugar de ficarem só nos ataques mútuos para mostrar quem tem mais defeitos, o que serviria para tornar o debate eleitoral minimamente civilizado.
Durante a semana passada, tanto Aécio como Marina prometeram apresentar seus programas de governo, mas agora, convenhamos, resta muito pouco tempo para que eles possam ser debatidos a ponto de influir no ânimo dos eleitores.
Se o candidato tucano, que está em campanha há mais de um ano, e até aqui não conseguiu explicar a que veio, sem lograr convencer nem o eleitorado tucano, mais perdido que cachorro em dia de mudança, também de pouco valeria para Dilma Rousseff definir agora porque quer e o que pretende fazer em mais quatro anos de mandato. "Se ela sabe o que precisa ser feito, por que não fez até agora?", poderão perguntar os eleitores insatisfeitos com os 12 anos de PT no poder. Dilma, afinal, está em campanha e mostrando o que pensa desde o dia da posse.
As pesquisas da semana passada confirmaram uma disputa acirrada entre Marina e Dilma, tanto no primeiro como no segundo turnos, com pequenas variações dentro das margens de erro dos institutos, e só um fato novo muito grave, ou uma denúncia envolvendo diretamente os candidatos, no que não acredito, poderá provocar outra reviravolta no cenário eleitoral. Só acredita ainda numa virada, que ele chama de "onda da razão", o tucano Aécio Neves, já abandonado por seus aliados, que procuram pular logo no barco de Marina Silva, o "plano B" também da velha mídia.
Até o boleiro aposentado Ronaldo Fenômeno foi convocado para ajudar Aécio nesta reta final, jogando capoeira com o candidato que não sai mais do Rio, mas parece tarde demais. Marina encarnou o voto anti-PT, e Dilma reconquistou a confiança dos petistas, reeditando a velha estratégia do "nós contra eles", ou seja, a eterna luta dos pobres contra os ricos.. Daqui para a frente, é jogo jogado. "Eles", agora, não são mais os tucanos, mas Marina e seus novos aliados antipetistas.
As duas candidatas desempenham no momento papéis opostos. Enquanto Marina assume o papel de vítima fragilizada diante dos duros ataques desfechados pelo PT, em especial sobre as contradições do seu programa de governo, Dilma cada vez mais mostra a mão pesada, tanto na campanha como no enfrentamento da crise econômica.
Quem vai ganhar?, perguntam-se todos. Já disse outras vezes, e repito: se eu soubesse, estaria rico especulando na Bolsa de Valores. Na mais imprevisível e engalfinhada eleição presidencial desde a redemocratização do país, quem tem um pouco de responsabilidade vai ter que esperar a resposta até o dia 26 de outubro, data do segundo turno. Até lá, vai ser um salve-se quem puder e tiver juízo.

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