Câncer de próstata: fumar após o diagnóstico pode matar mais do que o tumor!


Essa é uma daquelas notícias que considero como utilidade pública e que precisa de divulgação entre médicos e pacientes.
É muito comum pacientes com câncer não abandonarem por completo hábitos prejudiciais à saúde ou com potencial para isso. Essa atitude muitas vezes é tolerada por médicos que, considerando os desejos do paciente e a gravidade da doença, acabam por aceitar algumas atitudes potencialmente prejudiciais, mas com pouco impacto nos anos subsequentes ao diagnóstico de um câncer.
Com o cigarro não é diferente, é relativamente comum pacientes manterem o hábito após o diagnóstico e também não incomum, médicos tolerarem escapes em relação ao cigarro. Isso ocorre em consideração ao grande estresse já causado pela doença e pela possibilidade pequena de diminuir o risco de novos tumores causado pelo fumo em um curto prazo de tempo. Acredita-se que o risco para tumores em uma pessoa que parou de fumar volte a ser o mesmo de uma pessoa que não fuma apenas 20 anos a interrupção do tabagismo.
Contudo, um estudo americano realizado com financiamento público, veio para mudar radicalmente essa postura. Segundo publicação de dezembro de 2013, baseada no seguimento de pacientes ao longo dos anos, a chance de um paciente morrer com câncer e que fuma (diariamente ou eventualmente) é 76% maior do que o risco de morrer de um paciente com câncer e que parou de fumar assim que recebeu o diagnóstico.
Quando os pesquisadores analisaram o tempo médio de vida após o diagnóstico do câncer, mais números impressionantes: a sobrevida média para quem continuou fumando foi de apenas de 2,4 anos e a sobrevida de quem parou completamente o tabagismo foi de 4,4 anos.
No estudo, o tabagismo afetou não apenas pacientes com tumores reconhecidamente causados pelo fumo, como os tumores de pulmão, estômago ou bexiga. Pacientes com outros tumores também apresentaram risco elevado de morte quando mantiveram o tabagismo. O risco de morrer quando comparamos tabagistas aos ex-tabagistas é 34% maior quando consideramos todos os tipos de tumores em conjunto e 127% maior para quem recebeu o diagnóstico de câncer de próstata.
Especificamente para o câncer de próstata, esse estudo traz informação de extrema importância. Com o diagnóstico oportuno dos tumores, novas drogas que podem prevenir os pouco agressivos, com os métodos de tratamento clínico da doença avançada - que prolonga a vida com qualidade - e com o tratamento cirúrgico cada vez mais personalizado, podemos curar mais de 85% desses pacientes.
Ou seja, pacientes com câncer de próstata localizado ou avançado sobreviverão por muitos anos e estarão expostos as ações de saúde que tragam benefícios a curto ou a longo prazo. Nesse grupo de pacientes o benefício da parada do tabagismo pode ser concreto em trazer com mais anos de vida e com qualidade para desfrutar com suas famílias e pessoas queridas.
Dessa forma, todos os médicos que lidam com pacientes nessas condições devem reforçar a necessidade instruir seus pacientes a parar de fumar e, se possível, oferecer facilidades para que isso ocorra, como implantação de programas antitabagismo, indicação de profissionais capacitados e oferecer informação em linguagem simples. Para termos uma ideia a importância da organização dos médicos nesse sentido, sabe-se que apenas 50% dos pacientes tabagistas e com câncer nos EUA recebem orientação formal para interromperem o vício.
Quando uma pessoa recebe o diagnóstico de um câncer ela em pouco tempo torna-se muito aberta a tudo que possa ajudar no tratamento e prevenção de novos problemas.
Esse é o momento de ouro para o médico e pode ser a diferença entre a vida e a morte para o paciente.
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