Obra prevê fim do capitalismo para dar lugar a economia colaborativa
Uma visão extrema: o capitalismo perderá a dominância e dará lugar à economia colaborativa, compartilhada, em meados do século XXI.
O raciocínio é desenvolvido em "Sociedade com Custo Marginal Zero", do economista norte-americano Jeremy Rifkin, que ensina executivos a tornar suas empresas sustentáveis na escola de negócios Wharton (da Universidade da Pensilvânia, nos EUA).
A reportagem é de Amon Borges, publicada por Folha de S. Paulo, 05-12-2015.
Para ele, o dinamismo e
a eficiência produtiva do sistema, somados à evolução das máquinas,
serão os responsáveis por seu colapso.
Rifkin
aponta que o grande e constante avanço tecnológico possibilita um ritmo
de produção cada vez mais acelerado, tornando o custo marginal –preço
para produzir uma unidade a mais de determinado produto– muito próximo
de zero. Assim, o acesso a tudo se torna mais fácil.
Com essa perspectiva,
relata que lucros das corporações começam a diminuir, a ideia de
propriedade vai se enfraquecendo e uma economia baseada em escassez é
substituída por uma cena de abundância. As pessoas passam a compartilhar
bens, desfrutam de produtos ou serviços, sem necessariamente
comprá-los.
Para Rifkin, uma sociedade com essa característica torna-se um cenário ideal para promover o bem-estar geral, representando o triunfo do capitalismo e, ao mesmo tempo, a sua inevitável saída do palco mundial.
De acordo com o autor,
"enquanto o mercado capitalista baseia-se no interesse próprio e é
guiado pelo ganho material, os bens comuns sociais são motivados por
interesses colaborativos e guiados por um profundo desejo de se conectar
com os outros e de compartilhar".
Posse X Acesso
Rifkin
diz que, se a propriedade privada é a característica definidora de um
sistema capitalista, então o automóvel particular é seu símbolo de
status. Comparando novas gerações com a sua, o autor vê um decréscimo no
número de jovens que dão extrema importância aos automóveis.
Ele destaca empresas como a Zipcar ou a City Car Share, nos EUA, cujo objetivo é disponibilizar veículos e estimular a ideia de acesso –não mais a posse.
A tendência de
compartilhar tudo deve aumentar e, no futuro, chegar aos carros
autônomos, sem motorista –por exemplo, os desenvolvidos pelo Google.
Além de veículos,
casas, roupas e outros itens passam a ter evidência no compartilhamento e
já têm impacto na economia, aponta o autor.
"A busca do interesse
próprio está sendo moderada pela pressão de interesses colaborativos, e o
tradicional sonho de enriquecimento financeiro está sendo suplantado
pelo sonho de uma qualidade de vida sustentável", escreve o autor.
Trabalho
A tecnologia, que faz alcançarmos baixos custos na produção marginal, também afeta o mercado de trabalho.
Internet das coisas
(objetos interconectados que geram benefícios para o cotidiano), big
data (coleta e análise de muitos dados), algoritmos, inteligência
artificial e robótica ajudam na substituição da mão de obra humana nos
setores mais variados, aponta Rifkin.
A perspectiva levantada
por ele é de centenas de milhões de pessoas sem emprego na primeira
metade do século XXI. Mas a substituição de pessoas por máquinas não é
exatamente motivo para pânico, de acordo com o autor.
Rifkin enxerga oportunidades para empreendedores sociais e empregos em organizações sem fins lucrativos.
Há outras chances em um
meio conectado com a internet das coisas, que o autor considera a alma
gêmea do modelo emergente de bens comuns.
Com auxílio de
impressoras 3D, por exemplo, as pessoas passam a ser "prosumidores", ou
seja, produtores e consumidores ao mesmo tempo –de uma simples caneta a
um móvel.
Jeremy Rifkin
assume ter uma posição ambígua em relação ao capitalismo. Para ele, o
sistema foi o mecanismo mais ágil e eficiente para organizar a economia
no passado. Mas ele não lamenta o fim do regime.
SOCIEDADE COM CUSTO MARGINAL ZERO
AUTOR Jeremy Rifkin
EDITORA M.Books
AUTOR Jeremy Rifkin
EDITORA M.Books
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