Eu escolhi fazer as fotos de formatura na minha baixada, porque foi desse lugar onde não passa ônibus, onde uber não desce e onde não existe saneamento básico que eu caminhei todos os dias rumo a UFPA. Essa caminhada eu não fiz sozinha, muitas pernas me trouxeram até aqui. Não citarei nomes para não esquecer de ninguém, mas citarei situações. Eu não tinha computador e meus professores me emprestaram para eu conseguir ser bolsista de iniciação científica e, assim me manter financeiramente durante a graduação. Eu não tinha internet em casa e minhas amigas abriram as portas das suas casas para eu fazer todos os trabalhos e coletas de dados necessários. A UFPA também se tornou minha casa, porque devido morar muito distante era mais vantagem passar o dia todo na universidade e comer no RU. Foi muito difícil terminar essa graduação e não quero que essa dificuldade seja romantizada, porque o discurso da meritocracia é uma farsa. Nem sempre "quem quer consegue", porque estudar sem ter condições financeira é uma barra e ultrapassar os obstáculos não depende só de nós. Eu fui agraciada por encontrar no meu caminho dentro da UFPA pessoas que me ajudaram a romper as barreiras que as dificuldades financeiras me impuseram. Então não quero que minha história seja usada para reforçar o discurso meritocrático. Mas quero que o espaço que conquistei dentro da universidade abra o caminho para os meus. Para que os meus saibam que a universidade pública é nossa e que vamos ocupá-la.
Gratidão
Obs: vocês vão enjoar porque vou colocar fotos de beca direto nas minhas redes sociais.
Bruno Campos
Texto de Laís Ribeiro Gama
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