terça-feira, 6 de dezembro de 2022

AEPET: Quem é Magda Chambriard.

 

Magda Chambriard Revelada

Publicado em 05/12/2022Escrito por  Felipe CoutinhoLido 3813 vezes

Felipe100aA engenheira Magda Chambriard tem sido citada como possível futura presidente da Petrobrás,

no governo Lula que se inicia em 1º de janeiro de 2023. Quem é Magda Chambriard? Seria uma boa presidente para a Petrobrás?

Magda Chambriard é engenheira, trabalhou na Petrobrás desde 1980 e, em 2002, ingressou na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como assessora da diretoria. Nomeada no governo Dilma Roussef, exerceu a função de Diretora Geral da ANP, entre março de 2012 e dezembro de 2016.

Chambriard promoveu quatro leilões de petróleo, entre os quais o 1º leilão do pré-sal, da área de Libra. Defendeu a maior participação de petrolíferas estrangeiras na exploração do petróleo brasileiro. Elogiou a facilitação do governo Temer para a privatização do campo de Carcará pela Petrobrás, em favor da estatal norueguesa Statoil (atual Equinor). Foi contrária a interferência do governo para alteração da política de preços da Petrobrás, em especial com relação ao Preço Paritário de Importação (PPI) do diesel.

Promoveu o leilão da reserva de Libra e declarou “Onde se viu uma licitação de mais de 7 bilhões de barris nos últimos anos? Isso só acontecia no Oriente Médio na década de 1970.” Segundo a publicação “O governo chegou a cogitar a inclusão de Libra na lista de blocos vendidos à Petrobrás por R$ 74,8 bi, mas desistiu após avaliação das reservas”. A Tribuna, de 14/09/10.

Houve apenas uma oferta e o leilão de Libra resultou em pagamento mínimo de óleo lucro para a União de 41,65%, com participação da Petrobrás de apenas 40% no consórcio vencedor que teve 60% de petrolíferas estrangeiras: Shell (20%), Total (20%) e estatais chinesas (20%). Apesar disso, Magda afirmou que “O resultado não poderia ter sido melhor. Sucesso maior que esse é difícil de imaginar.” Segundo o ex-diretor da Petrobrás e professor da USP, Ildo Sauer, o leilão de Libra foi “a maior privatização da história do Brasil” O Globo, 22/10/13.

A área de Libra havia pertencido a Shell que, em 2001, liderou exploração na área, mas nada encontrou e devolveu seu direito de exploração à ANP, sob o argumento que a produção de petróleo em Libra seria inviável. Em 2010, sob a liderança da Petrobrás, foram encontradas reservas estimadas entre oito e doze bilhões de barris na camada do pré-sal de Libra.

Em setembro de 2017, Chambriard defendeu a venda do campo de Carcará, segundo ela, o governo Temer fez sua parte “facilitando as condições para investimentos” e destravando os negócios que estavam parados. Ela citou, entre negócios recentes a compra pela norueguesa Statoil, por US$ 2,5 bilhões, da participação da Petrobrás no bloco BM-S-8, na Bacia de Santos, onde se encontra o campo de Carcará (pré-sal). Conjuntura Econômica, setembro de 2017.

Perguntada se gostaria de ter feito mais leilões, enquanto foi Diretora Geral da ANP (9/3/12 a 22/12/16), respondeu: “Fizemos quatro leilões em cinco anos e recomendamos o quinto. A ideia de regularidade dos leilões é ótima, endossamos, entendemos que pagamos o preço de cinco anos sem leilões, mas quando fizemos o 12º leilão, em 2013, sentimos o esgotamento do mercado. Em 2014, não tínhamos mais o que ofertar, mas desenhamos um leilão. Em 2015, com os preços baixos, fizemos novo leilão, mas as empresas não se interessaram. Para um período de quatro anos e meio como diretora-geral, quatro leilões e recomendação de um quinto, além das rodadinhas (de áreas marginais), foi de bom tamanho. Agora, cinco anos antes sem leilão... realmente.”. O Estadão, 2/11/16

Perguntada sobre o que significa para o país a presença de grandes empresas como as que conquistaram blocos no 4º leilão do pré-sal, quando a ANP era dirigida por Décio Oddone, no período Temer, responde: “Mais petroleiras no país significa mais tecnologia, mais investimentos disponíveis para o desenvolvimento das áreas, mais discussão sobre o que seria o melhor projeto de desenvolvimento.” O Estadão, 8/6/18

Com relação a uma suposta redução no preço da privatização da refinaria da Petrobrás na Bahia (RLAM), por possível interferência do governo na política de preços da estatal, afirmou: “É importante que o governo passe a mensagem clara de que não tem como subsidiar o diesel”. O Estadão, 10/2/21

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) defende as seguintes iniciativas relativas ao setor energético e à Petrobrás:

1- Restauração do monopólio estatal do petróleo, exercido pela Petrobrás;

2- Reversão da privatização dos ativos da Petrobrás, destacando a BR Distribuidora, refinarias, malhas de gasodutos (NTS e TAG), distribuidoras de GLP e gás natural (Liquigás e Comgás), produção de fertilizantes nitrogenados (FAFENs), direitos de exploração e produção de petróleo e gás natural e as participações na produção de petroquímicos e biocombustíveis;

3- Reestruturação da Petrobrás como Empresa Estatal de petróleo e energia, dando conta de sua gestão, com absoluta transparência, ao controle do povo brasileiro;

4- Alteração da política de preços da Petrobrás, com o fim do Preço Paritário de Importação (PPI), que foi estabelecido em outubro de 2016, e restauração do objetivo histórico de abastecer o mercado nacional de combustíveis aos menores preços possíveis;

5- Limitação da exportação de petróleo cru, com adoção de tributos que incentivem a agregação de valor e o uso do petróleo no país;

6- Recompra das ações da Petrobrás negociadas na bolsa de Nova Iorque (ADRs);

7- Desenvolvimento da política de conteúdo nacional e de substituição de importações para o setor de petróleo, gás natural e energias potencialmente renováveis;

8- Estabelecimento de um plano nacional de pesquisa e investimentos em energias potencialmente renováveis, sob a liderança da Petrobrás.

As opiniões e a atuação histórica da engenheira Magda Chambriard são contraditórias e incompatíveis com as políticas defendidas pela AEPET.
Dezembro de 2022


Felipe Coutinho é engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)

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