Por: Alexandre Cruz*
No dia 19 de Junho, aniversário de sua morte, lembramos com saudade e admiração a figura imortal de Leonel de Moura Brizola, um líder cujo impacto transcendeu os cargos que ocupou como governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Mais do que um político, Brizola foi um símbolo de resistência, um defensor incansável dos direitos dos trabalhadores e um crítico feroz das injustiças sociais. A sua morte nos deixou uma lacuna, mas também um legado de coragem e integridade que continua a ressoar em nossos corações e mentes.
Minha mãe, filha de ferroviário e professora de História, sempre nutriu um respeito profundo pelas posições políticas de Leonel. Em Santa Maria, onde a influência do trabalhismo de Vargas e Jango era forte, Brizola representava esperança e mudança.
Leonel Brizola não foi apenas um líder político, mas também um combatente corajoso contra a manipulação midiática e os interesses ocultos que permeiam nossa sociedade. Sua luta contra a Rede Globo é emblemática de sua determinação em desafiar o status quo e buscar a verdade. Ele denunciou incansavelmente a parcialidade da mídia e seus esforços para moldar a opinião pública de acordo com interesses elitistas e conservadores.
Sua crítica aos evangélicos, especialmente no contexto político, é ainda mais relevante hoje. Brizola alertou sobre a instrumentalização da fé para fins políticos, uma prática que continua a ameaçar a laicidade do Estado e a liberdade de pensamento. Ele reconhecia o perigo de se usar a religião como ferramenta de manipulação e controle, e sua voz permanece um eco poderoso de resistência contra essa ameaça.
A coragem de Leonel Brizola não se limitava ao cenário político brasileiro. Ele foi um personagem de destaque no cenário internacional, conhecido por sua radicalidade por figuras como Pepe Mujica e considerado perigoso pela CIA. Sua disposição de apoiar movimentos de resistência, como os Tupamaros no Uruguai, reflete seu compromisso com a luta latina pela justiça e liberdade.
Brizola foi um visionário que não temia desafiar as forças opressoras, fosse no Brasil ou no exterior. Seu compromisso inabalável com a justiça social e os direitos dos trabalhadores fez dele um herói para muitos, e um adversário temido para outros. Ele era um líder que colocava os interesses do povo acima dos próprios, que entendia que o verdadeiro poder reside na capacidade de inspirar e mobilizar os marginalizados e oprimidos.
Entre seus muitos legados, a preocupação de Leonel com a educação se destaca como uma das mais impactantes. Ele entendeu que a educação era a chave para a transformação social e econômica do país. Os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), também conhecidos como “brizolões”, foram uma prova concreta dessa visão. Os CIEPs, idealizados em parceria com Darcy Ribeiro, ofereciam educação integral, alimentação, atividades culturais e esportivas, e atendimento médico e odontológico. Essa iniciativa revolucionária buscava não apenas educar, mas também cuidar e proteger as crianças, preparando-as para um futuro melhor.
A implementação dos CIEPs foi um marco na história da educação brasileira. Brizola acreditava que a escola integral era fundamental para a formação de cidadãos conscientes e preparados para enfrentar os desafios da vida. Ele via na educação a ferramenta mais poderosa para reduzir as desigualdades e promover a justiça social. A luta de Leonel Brizola pela educação integral continua a ser um exemplo inspirador para todos nós, mostrando que é possível sonhar e realizar um sistema educacional mais justo e inclusivo.
Hoje, mais do que nunca, precisamos revisitar o legado de Brizola. Em tempos de crise política e social, sua vida e suas ações nos lembram da importância de lutar por um mundo mais justo e igualitário. Precisamos de mais líderes que tenham a coragem de enfrentar os gigantes midiáticos, que não se curvem aos interesses corporativos e que estejam dispostos a denunciar as injustiças onde quer que elas se manifestem. E, acima de tudo, precisamos de líderes que entendam o valor da educação como motor de transformação social.
Leonel Brizola permanece como um farol de esperança e resistência. Sua vida é um testemunho de que a verdadeira liderança vai além dos cargos e títulos – trata-se de um compromisso inabalável com a verdade, a justiça e o bem-estar do povo. Que possamos honrar sua memória continuando a lutar pelos valores que ele defendeu com tanta paixão e coragem, e que possamos investir na educação integral como ele fez, acreditando sempre no poder transformador do ensino.
*Jornalista Político
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