quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ELEIÇÕES AMERICANAS - O efeito Bradley

O Obama tem tudo para ganhar. Só temo que na "hora agá" prevaleça o histórico racista, preconceituoso e conservador da sociedade americana. Afinal de contas, o Obama é um negro.
Carlos Dória


O EFEITO BRADLEY



Bristol (EUA) – Os recentes e catastróficos acontecimentos na economia americana têm levado muitos de meus leitores no Brasil a supor que Barack Obama, candidato do Partido Democrático, vai derrotar o republicano John McCain na eleição do dia 4 de novembro. Como pode um republicano ganhar depois de oito anos de desastroso desgoverno do igualmente republicano George W. Bush?

Pode, de duas formas. Em primeiro lugar, a parada é decidida pelo Colégio Eleitoral, não pela votação popular. Em segundo, nos estados onde o panorama eleitoral ainda está indefinido e que podem ser o fiel da balança, o efeito Bradley tem condições se manifestar em favor de John Mcain.

Lembremos que, em 2000, Al Gore ganhou nas urnas e perdeu no Colégio Eleitoral (derrota facilitada pelas manobras traiçoeiras de seu candidado a vice, o adesista Joe Lieberman, e consumada por uma decisão marota da Suprema Corte).

Mas o que é o Efeito Bradley? Ele é o fenômeno que explica a derrota do negro Tom Bradley, em 1982, candidato a governador da Califórnia contra o republicano, o branco George Deukmejian, numa eleição em que as pesquisas de opinião garantiam a vitória de Bradley por ampla margem.

Em 1989, o negro David Dinkins era favorito por mais de 10% à prefeitura de Nova York contra o branco Rudy Giuliani e ganhou, mas ganhou por apenas 2%. No mesmo dia, as pesquisas apontavam o negro Douglas Wilder 15% à frente na eleição para o governo da Virginia, mas ele ganhou apertadíssimo, por apenas sete mil votos.

Há outros exemplos, mas os citados acima mostram que, na hora de depositar seu voto na urna, os americanos hesitam muito antes de escolher um negro. Podem dizer que votarão nele, mas não votam.

O Colégio Eleitoral tem um peso desproporcional em favor de estados esparsamente habitados no interior e no sul dos Estados Unidos, de população conservadora, onde os eleitores brancos se inclinam fortemente pelos chamados “valores familiares”, mesmo em detrimento de seus interesses econômicos.

Os dirigentes da campanha de John McCain acham que, nos estados em que seu candidato estiver empatado com Barack Obama ou apenas 5% atrás nas pesquisas de opinião, McCain sairá vencedor. É importante ainda ressaltar que, com exceção do Maine e do Nebraska, o candidato vitorioso em cada estado e no Distrito de Columbia carrega todos os votos de seu Colégio Eleitoral. Foi assim que George W. Bush se elegeu presidente em 2000, contando em seu favor todos os votos da Flórida.

A eleição do dia 4 de novembro é um divisor de águas: continuar com a péssima filosofia econômica e desastrosa campanha militar dos republicanos ou mudar de curso.

A escolha parece óbvia. Os republicanos porém contam com o Efeito Bradley, com a impugnação, através de vários artifícios, de eleitores negros ou pobres (como os que perderam suas casas na crise das hipotecas) e talvez com uma “surpresa de outubro”, em que uma denúncia de última hora contra a honra ou o patriotismo de Barack Obama poderá permitir que a turma de Bush continue no poder por mais quatro anos. Se Osama bin Laden for capturado ou se pronunciar contra McCain (como fez contra Bush em 2004), McCain sairá vencedor.

Fonte:Direto da Redação.

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