Jornal GGN - Para defender sua aliança com
Vladimir Putin, a presidente da Argentina Cristina Kirchner promoveu um
encontro com o presidente russo ontem (13) na Casa Rosada, antes do jogo
da final da Copa do Mundo.
O presidente de um dos países que compõem os Brics e que estará em
Fortaleza nos próximos dias para discutir questões do bloco, declarou em
sua passagem pelo continente que existe uma necessidade de reforma das
instituições financeiras estrangeiras, com soluções justas, equitativas e
sem duplos padrões - referindo-se aos problemas recentemente
enfrentados pela Argentina com os fundos abutres e também à
Grã-Bretanha, relacionando também a questão das Ilhas Malvinas.
Putin também aproveitou a visita para anunciar a partida de uma
delegação russa para Vaca Muerta, em Neuquén, Patagônia, onde vários
países estão estudando a viabilidade da exploração de gás de xisto.
China também é uma das nações interessadas no negócio.
No comunicado à imprensa que os dois presidentes divulgaram - Putin
esteve na noite anterior jantando com o presidente uruguaio, José
Mujica - não se falou sobre abutres ou credores, mas sobre o interesse
do país europeu na Argentina, a quem descreveu como "um parceiro muito
importante". Em seu discurso, defendeu a nação como "soberana, algo
bastante raro no mundo de hoje". Tímida, Cristina sorriu na plateia,
ainda se recuperando de uma faringolaringite que a afastou de suas
atividades na última semana.
O ministro da Energia russo, Alexander Novak, já declarou a um
jornal argentino que a empresa estatal Rosatom já estava em posse de uma
licitação para a construção de duas usinas de energia nuclear no país.
Em agosto, uma delegação do Ministério do Planejamento deve viajar para
Moscou para acertar detalhes nesta negociação.
Putin chegou antes à América Latina justamente para estudar o
terreno, que hoje é praticamente dominado por investimentos chineses - o
premiê chinês Xi Jimping só chegará ao Brasil no próximo sábado. Além
disso, o líder russo sente-se praticamente em casa na Argentina, de quem
recebeu total apoio em meio à crise da anexação da Crimeia. Cristina,
aliás, já declarou que o vê como "um exemplo digno a ser imitado". Os
presidentes aproveitaram o ensejo para assinar acordos de cooperação
nuclear para fins pacíficos e de comunicação, onde um canal estatal
russo poderá ser visto também na Argentina, além de entendimentos
jurídicos e tratados de extradição.
Mas, como nenhuma parceria é gratuita e apenas pela simpatia, Putin
já elaborou sua lista de interesses no país: a Rússia tem total
interesse na licitação para a construção da barragem Chihuido em
Neuquen, em parceria com a Corporation of America. Mais de 20% da
energia hidrelétrica na Argentina será gerada utilizando equipamentos
russos. Também destacou seu desejo de que as empresas de seu país
participem da modernização de geração de energia e da construção de
novas usinas no país sul-americano.
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