Da Agência PT
Programa da TV Globo faz primeira
reportagem que aborda de forma verdadeira os benefícios da iniciativa
para a população do interior do País
Em reportagem divulgada neste domingo (13), o programa Globo Rural,
da Rede Globo, divulgou extensa matéria na qual enfatizou os benefícios
do programa Mais Médicos, do governo federal, para as populações de
regiões distantes do País.
Foi a primeira vez que a grande mídia
brasileira mostra a iniciativa de forma verdadeira, demonstrando a
ajuda que os profissionais estrangeiros levam aos moradores de
municípios distantes dos grandes centros.
A matéria também conta que o programa
foi criado, inicialmente, para a contratação de profissionais
brasileiros. Com a ausência de interesse dos médicos nacionais, a
iniciativa foi aberta pra especialistas de Cuba, Espanha e até da
Alemanha.
Leia a íntegra da matéria abaixo ou assista AQUI!
“Médicos melhoram as condições de saúde em regiões agrícolas distantes
Duas profissionais cubanas atendem
pacientes em Calçoene, no Amapá. Ministério da Saúde contratou 14.462
médicos para o programa mais Médicos
No extremo norte do Brasil, a maior
parte da população é pobre e sempre sofreu com uma série de problemas de
saúde: malária, verminose, leishmaniose, mortalidade infantil elevada.
O povo sofre com doenças variadas,
enfrenta epidemias do campo, se acidenta com frequência no trabalho, e
padece com o isolamento e atendimento precário. Esta é a realidade da
maioria dos lugarejos mais distantes do nosso território. Regiões
agrícolas que muitas vezes não tem nem médicos para socorrer a
população.
Segundo dados da Organização Mundial da
Saúde, em 2012 o Brasil contava com 1,8 médicos para cada mil
habitantes. A media é baixa quando comparada com outros países, como os
vizinhos Uruguai (3,7), Argentina (3,2), ou ainda europeus como Alemanha
(3,6) e Espanha (4,0). O mais grave é que a distribuição destes
doutores sempre foi muito desigual pelo território brasileiro. De
maneira geral, quanto mais pobre e mais distante a região, menos a
chance de ela ter médicos em atividade.
A combinação de pobreza e atendimento
precário sempre marcou a história do município de Calçoene, na Amazônia.
Calçoene fica ao norte de Macapá,
capital do Amapá, o segundo estado brasileiro com menos médico por
habitante, atrás apenas do Maranhão. No município o povo vive do
comércio, da pesca e principalmente da agricultura familiar.
Calçoene conta
com um hospital, posto de saúde, enfermeira, dentista e assistente
social, mas até há pouco tempo só tinha três médicos em atividade. Três
médicos para uma população de 9.700 pessoas, uma média de 0,3 doutores
para cada mil habitantes.
“Totalmente insatisfatório. Muitos
usuários não conseguiam vaga. Nós já estávamos chegando a um caos. Sem
saber o que fazer em relação a essa situação de contratação de médico”,
declara Maria de Jesus Caldas, secretária de saúde/Calçoene/AP.
Esse quadro começou a mudar depois que o
município recebeu a ajuda de um projeto federal. Iniciado em 2013, o
programa Mais Médicos vem contratando doutores para atuar em regiões
carentes do país. Calçoene recebeu duas profissionais de Cuba.
Dra. Ceramides Carbonell é uma médica
com mestrado em atenção básica de saúde e 17 anos de experiência. Chegou
ao Brasil no ano passado e antes de ir para Calçoene fez cursos
obrigatórios de português e sobre o sistema de saúde brasileiro. Ela
atende a população e orienta mulheres grávidas do município.
“Um dos primeiros indicadores que
qualificam a saúde de um povo é a mortalidade infantil. Pra isso você
tem que ter um acompanhamento muito bom das grávidas. Por isso também
damos a elas orientação sobre higiene e nutrição. Eu estou gostando
bastante da experiência”, declara a médica cubana.
A agricultora Valdenora da Costa conta
que nunca tinha tido este tipo de acompanhamento. “Eu estou achando
muito bom, porque ela é uma pessoa muito atenciosa com a gente”.
No programa, a contratação de médicos
ocorreu em etapas, primeiro as vagas foram abertas apenas para médicos
formados no Brasil. Só que o volume de interessados foi muito pequeno,
por isso em um segundo momento as vagas não preenchidas foram destinadas
a doutores de outros países, que acabaram se tornando maioria. Ao todo,
o Ministério da Saúde contratou 14.462 médicos.
Dra. Anelie Reguera foi a segunda médica
do programa a chegar a Calçoene. Ela também é cubana e tem
especialização em atendimento comunitário. Ela faz palestras em escolas
sobre prevenção de doenças. “Estamos ensinando para a população como
cuidar da saúde para evitar doenças recorrentes”, alerta. Depois das
palestras as médicas aproveitam para atender a população.
Os doutores se dedicam exclusivamente a
atenção básica, fazendo consultas e dando orientação aos pacientes. A
ideia é resolver o máximo de problemas no próprio município e só
encaminhar para a capital do estado os casos mais complicados, que
exigem exames sofisticados ou atenção de especialistas.
Além dos médicos cubanos, o programa
também conta com doutores vindos de outros 40 países, principalmente da
América Latina e da Europa. A Dra. Maria Del Carmen é espanhola e atende
pacientes no Parque Indígena do Tumucumaque, na divisa do Amapá com o Pará.
Em um encontro na Casa do Índio, em
Macapá, ela fez um primeiro contato com os moradores do parque. A médica
atuava em hospitais de Sevilha e escolheu trabalhar com índios por seu
interesse por medicamentos naturais “Eu estou feliz de trabalhar aqui,
porque sei que vou aprender muito com estas pessoas”, diz ela.
Outra médica europeia, que faz parte do
programa, é a alemã Anne Kimpchin. Ela vai atuar em uma unidade de saúde
de Macapá, que costuma receber muita gente da roça. “Eu trabalhava como
clínica geral em hospital e consultório na zona rural”, conta.
Os médicos do programa ganham R$ 10 mil
por mês, só que no caso dos cubanos a conta é diferente. O Ministério da
Saúde repassa os mesmos R$ 10 mil, mas os doutores só ficam com cerca
de R$ 3 mil e a diferença vai para o governo de Cuba. Isso ocorre porque
os cubanos não entram no projeto individualmente, mas através de uma
acordo de cooperação mediado pela Organização Pan-americana de Saúde.
Além dos três mil mensais, as doutoras
de Calçoene recebem mais R$ 2.5 mil do município para gastos com
alimentação e moradia. A doutora Anelie vive em, uma casa com sala,
cozinha e um quarto espaçoso. Ela nos conta que o contrato do programa é
de três anos e que nos períodos de férias pretende visitar a família
Além de trabalhar na cidade, as novas
médicas de Calçoene também viajam pela zona rural. A principal área
agrícola do município fica a uma hora da cidade por estradas em péssimas
condições.
Carnô é um assentamento de reforma
agrária que abriga 1.900 pessoas as famílias vivem em um vilarejo e
trabalham em lotes de terra que ficam no entorno. Dra. Ceramides visita o
assentamento a cada 15 dias em um posto de saúde simplório. Uma nova
unidade mais equipada já está em construção no vilarejo e outra na sede
do município, ambas com verbas federais.
No atendimento a doutora encontra de
tudo. Com a ajuda de enfermeiras e agentes de saúde que moram em Carnô, a
médica também visita algumas famílias.
Em uma das casas, a doutora visita a
pequena Vitória que teve malária. Ela acaba de tomar as últimas doses do
medicamento para enfrentar o problema. Transmitida por mosquito, a
doenças provoca febre calafrio e sem tratamento pode até levar a morte.
“Ela já não está com nenhum sintoma, eu acho que ela já está totalmente
recuperada da malária. Só temos que fazer este teste de comprovação para
ver se ela melhorou mesmo e se tratamento deu certo”, explica a Dra.
Ceramides.
O teste para identificar a malária pode
ser feito em Calçoene e os medicamentos para o tratamento também estão
disponíveis no município, só que muitas vezes os problemas dos moradores
não podem ser resolvidos no local.
Antonio da Silva, que trabalha na casa
de farinha do assentamento, precisa de exames que só podem ser feitos em
Macapá. Também é possível que ele tenha que fazer uma cirurgia. “Estou
trabalhando para juntar dinheiro pra eu poder ir pra Macapá”, afirma.
Malaria, leishmaniose, gastrite, mal de
Parkinson… Em apenas um dia na comunidade a Dra. chega a atender mais de
30 pacientes. Os agricultores do assentamento reconhecem que com a
chegada da médica o atendimento melhorou, mas querem mais. “É bom, só
que ainda não está 100%. Porque bom mesmo seria se ela estivesse aqui
direto com a gente”, declara Antonio da Silva.
Histórias como a de Calçoene se reptem
em milhares de localidades pelo Brasil afora. Ao todo, o programa
federal contratou médicos para 3.819 municípios, e grande parte deles
fica em regiões agrícolas do Norte e do Nordeste do país.
Vale lembrar que apesar de estar a 360
quilômetros de Macapá, Calçoene é ligada à capital por uma estrada
asfaltada. Em boa parte da Amazônia, a situação é bem mais complicada,
uma vez que acesso em muitos casos só é possível com longas viagens de
barco”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Globo Rural
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