Educação: A falta que a aritmética faz ao Globo
Numa reportagem cheia de adjetivos e francamente editorializada, o Globo sentencia: "O relatório Panorama da Educação de 2014 da OCDE - o clube dos países ricos -, a ser apresentado nesta terça-feira em Paris, mostra que o investimento do Brasil no setor continua muito aquém do desejado". Bem, como somos leitores chatos, daqueles que leem com calculadora na mão, vamos às contas.para entender o que os jornalistas Leonardo Vieira e Andrea Rangel entendem por "muito aquém".
O PIB brasileiro é parecido, próximo, do PIB de uma França (um pouco menor), de uma Reino Unido (igual) ou de uma Itália (um pouco maior). Que tem, pasmem, algo em torno de 1/3 (na verdade menos) de nossa população. Logo é natural que o nosso gasto per capita seja de um terço desses países.
Aliás, se for um terço, já é até mais (verdade seja dita, a matéria reconhece, ainda que de forma bem discreta, quase envergonhada). Isso não quer dizer que seja o suficiente. Apenas que não é tão diferente.
A reportagem também relaciona: Turquia (14,5), México (14,6), Hungria (19,5), Eslováquia (23,3), Chile (17,2), Israel (30,9), Portugal (25,3) e Coreia (31,7). Todos eles têm PIBs per capita (por paridade de poder de compra, critério FMI, 2011) maiores que o nosso (US$ 11.7 mil).
Curiosamente, todos, embora não seja dito na matéria, com menos investimento proporcional que o Brasil (O Globo chega a dizer que a renda destes países é parecida com o Brasil. Não é ). Podemos tomar como exemplo a Eslováquia, que tem exatamente o dobro do PB per capita PPC do Brasil e que investe 80% mais em valores nominais.
Em suma, é bem provável (precisaria fazer todos os comparativos) que o Brasil seja o país que, proporcionalmente ao PIB per capita, mais investe em educação, dentro da listagem da OCDE (está lançado o desafio). A afirmação "muito aquém", portanto, é falaciosa. Pelo menos, aritmeticamente.
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