


E SE AS LÁGRIMAS DE MARINA NÃO MAIS COMOVEREM,
QUEM É QUE VAI CHORAR?

O
blogueiro Miguel do Rosário comenta em sua postagem de hoje (13/09) a
nova tática da Mídia para a mais nova candidata que arrumaram, depois de
se convencerem da inviabilidade da candidatura tucana. Apesar desse
modelo de marketing ter servido por muito tempo aos sionistas que, sem
nunca terem frequentado os campos de concentração, pegaram carona na
perseguição nazista aos judeus socialistas; no caso da candidata
remasterizada cotidianamente não sei se vai dar certo.
Mas
não vou pretender discutir marketing político e reconheço que nessa
especificidade minha experiência é nenhuma. Em meus tempos de redator
publicitário sempre fugi das campanhas políticas. Não gostaria de
redigir peça publicitária nem para campanha da candidata em que
acredito. E acredito somente porque tenho razões para acreditar, afinal,
como o seu predecessor, tem correspondido plenamente com os motivos de
ter votado neles. Nenhum jamais me ofereceu qualquer vantagem pessoal e
sequer sabem que existo.
No
entanto, nos meus tantos anos de sobrevivência através da publicidade,
atividade com que dividi o jornalismo que apesar de não me remunerar era
a de minha real identificação profissional; alguma coisa aprendi sobre o
marketing empresarial.
Uma
delas é sobre efeitos de associação de imagens. A imagem de uma empresa
associada a um evento, a um fato, ou a uma personalidade,
indubitavelmente resultará em algum efeito, tão mais ou menos intenso
quanto mais ou menos estreita a relação estabelecida.
Esse foi o caso do produto automobilístico mais popular do mundo que surgiu com nome de KdF-Wagen. Wagen é carro e o KdF é de Kraft durch Freude, o que em português se traduz para “Força através da alegria” que era um dos lemas do Partido Nacional-Socialista do Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista.
O
pequeno KdF tornou-se uma sucesso de vendas no decorrer do governo
nazista e uma nova cidade foi edificada no entorno de sua fábrica.
Aquela cidade também adotou como nome o lema nazista e chamou-se
KdF-Stadt.
Com
a fábrica bombardeada e tão intimamente ligada ao regime nazista e ao
próprio Adolf Hitler, ao final da Segunda Guerra Mundial a KdF não tinha
a menor perspectiva de futuro, apesar da qualidade de seu carrinho
resistente, econômico, prático e com muitas outras qualidades. Mas essas
predisposições conquistaram um oficial britânico, o major Ivan Hirst
que sugeriu a manutenção de sua produção. A princípio não deu muito
certo, até que se mudou o nome da cidade para Wolfsburg (cidade do lobo)
e o da Kraft, produtora do KdF, para Volkswagen (carro do povo).
Não
sei se essa campanha de vitimização da Marina Silva estancará a já
esperada tendência de queda, mas tenho mais dúvidas sobre os resultados
aos seus patrocinadores.
A
queda de Marina era esperada porque natural. Evidente que pós efeito de
comoção pela morte de Eduardo Campos, retirando o inchamento e a
supervalorização pelos meios de formação e de pesquisa de opinião
pública, que são as mesmas empresas tendenciosas e dúbias; só poderia
haver uma queda de Marina nas pesquisas.
Ocorre
que o comportamento da candidata tem se demonstrado ainda mais dúbio do
que o da Mídia e dos Institutos de Pesquisa que a apoiam. Suas
afirmações, mais confusas do que difusas, vacilam entre as diversas
orientações religiosas e empresariais de sua campanha. Marina é a
contradição em si e ao invés de recorrer a algo em que possa ser
transparente, tem somado tendências totalmente controversas ao próprio
histórico. No Acre, por exemplo, tem como cabo eleitoral o filho do
assassino de Chico Mendes e recebe apoio nacional de ruralistas que,
quando ambientalista, dizia combater. Prega o velho mantra anticorrupção
e seu marido responde a mais de um processo por este motivo. Como se
tudo isso fosse pouco, compõe um programa de governo que além de inúmera
controversas e erratas, em diferentes momentos tem sido percebido como
plágio de tendências divergentes.
Até
compreensível que provinda do PT em algo seu programa se assemelhe aos
dos governos do PT, mas o dúbio é que aliada à família Setúbal da ARENA,
do PFL e do DEM; sua programática de governo também se assemelhe ao
concorrente Aécio Neves. Desculpa a isso dizendo procurar promover uma
harmonização política, mas o que de fato tem obtido é um profunda
confusão no eleitor, inclusive com afirmações incongruentes e desconexas
como como a indicação de Chico Mendes como elite.
O
pobre do eleitor que sempre entendeu que elite eram os que mataram
Chico Mendes, ainda mais se abisma e se afasta sem poder distinguir onde
de fato há uma proposta de governo ou é mero oportunismo.
Pelo
muito pouco que sei de marketing político, me parece que isso de
oportunismo é compreensível e natural, mas afora o aproveitamento da
oportunidade o produto tem que apresentar alguma consistência. O produto
político Marina Silva levitou no vácuo de seu mais próximo concorrente,
o Aécio, e inflado pela comoção da morte do Eduardo, subiu. Mas sem
conteúdo que lhe servisse de combustível, que o aquecesse, cai
vertiginosamente.
De
alguma forma, entre PT, PV, PSB, PSDB e PSC; Marina diz muita coisa que
se assemelha a tudo, mas o problema é que dependendo dos telefonemas,
e-mails ou twitters que recebe, desdiz completamente no dia seguinte.
São muitas vozes a formar a fala de Marina e embora em sua Igreja,
Assembleia de Deus, seja através de falas desconexas que os fiéis se
comuniquem com Deus, para o cidadão comum não só fica difícil acompanhar
e entender, como também impossível crer.
Deveria
ser um pequeno recuo nos índices de intenção de voto, uma natural
oscilação que seu marketing político pudesse administrar até o segundo
turno; mas exatamente por esta falta de consistência a queda já se
iniciou num formidável despencar que agora acena com a desesperada e
arriscada estratégia de vitimização.
Estariam
os eleitores brasileiros dispostos a eleger para representar o país
alguém que se faça de vítima perante os tantos problemas nacionais e
internacionais que todo presidente, de seja onde for, tem de enfrentar?
Me
parece uma estratégia perigosa, mas como já disse não vou me meter a
dar opinião em marketing político. No entanto, estranho muito os Setúbal
arriscarem tão acintosamente o principal patrimônio da família: o Banco
Itaú.
Por
alguma conveniência me tornei correntista do Itaú há muito tempo, mas
não só ando em dúvida se devo manter minhas parcas economias depositadas
numa instituição que de forma tão temerária lida com meus interesses
como cidadão e com a nação da qual dependo para uma vida minimamente
digna, como tenho certeza de que se hoje precisasse decidir pela
abertura de uma conta bancária, sem dúvida não seria no Itaú. E isso não
tem nada a ver com simpatias ou antipatias políticas. Estou certo de
que sequer seria uma decisão racional, de caso pensado.
Com
algum mínimo conhecimento dos mecanismos psicológicos que envolvem as
promoções de marketing, se sabe que os fatores que geram disposição ou
indisposição ao consumo, inclusive de serviços bancários, nem sempre são
racionais ou exclusivamente conscientes. A concorrência é grande e o
que leva a uma decisão por esta ou aquela instituição podem ser razões e
percepções muito mais subjetivas do que até mesmo a comodidade da
proximidade de uma agência. Muitas vezes pode até estar fora de mão, mas
por razões que o próprio consumidor não consegue identificar, é ali que
prefere confiar seus estipêndios por mais parcos que sejam.
Posso
estar enganado em relação ao restante da população, mas pelo menos eu
não abriria conta num banco cuja imagem se permitisse tão intimamente
relacionada a alguém que ontem contradisse o que disse anteontem. Por
mais que possa ser tolerante a todas as contradições humanas, inclusive
filosóficas, religiosas e políticas; mesmo não sendo exatamente um
dinheirista e bastante longe de ser um capitalista, isso de indecisão,
de hoje uma coisa amanhã outra, de erratas e volatilidade de opinião,
com meu parco dinheirinho, não!
Também
tenho conta em outros bancos e pode até ser que num momento que
necessite de um empréstimo ou disponha de algum para investir, eu vá
consultar a gerente de minha agência Itaú, mas sem dúvida, apesar de
bonita e simpática, será a última que procurarei. Repito, não será de
caso pensado, mas sei que minha motivação será esmorecida por algo que
talvez sequer definiria se o titubear da Marina não se me aparentasse
tão sintomático e preocupante. E é natural que me preocupe, afinal ela é
uma postulante a dirigir o meu país e não posso fazer ideia para onde
pretende dirigi-lo se a cada dia anuncia uma nova errata ao seu programa
de direção. Saberá o Itaú para onde dirige meu tão pequeno
investimento. Pequeno, mas por pouco que seja, espero algum rendimento
através dele e talvez melhor consultar a Caixa Econômica, o Banco do
Brasil.
Quando
lembro que Marina procura justificar as erratas ao seu próprio programa
de governo, fico imaginando a gerente do Itaú me apresentando uma
errata à informação de uma aplicação. Se fazem erratas ao programa de
governo do país para agradar lados divergentes, o que não haverão de
fazer com as aplicações de seus incautos correntistas?
Achei
ridícula a campanha que usava a carinha da Regina Duarte dizendo estar
com medo, mas confesso que dessa vez quem sentiu medo fui eu. Por sorte
logo percebi uma certa... – digamos... -
intenção nos resultados das pesquisas. Não estou querendo sugerir ter
havido manipulação, mas sei que se, por exemplo, alguém pretender um
resultado negativo para a Marina numa pesquisa, é só concentrá-la no
estado natal da candidata, onde ela mesma reconhece que não seria eleita
sequer para presidenta de Associação de Amigos de Bairro.
É
Marina Silva quem explica essa realidade com uma versão bíblica do
provérbio popular sobre o espeto de pau em casa de ferreiro. Por isso é
que não acredito em manipulação de resultados de pesquisas, mas imagino
que por alguma eventualidade ou coincidência possa ocorrer dos nichos de
realização das pesquisas terem sido inadvertidamente escolhidos.
No
entanto, tirante Marina, me pergunto quais as reais vantagens de uma
instituição bancária se relacionar tão intima e publicamente com
qualquer candidato político?
Natural
que um grupo financeiro busque vantagens em participações políticas.
Isso já ocorreu incontáveis vezes em todo o mundo e, inclusive, com o
próprio Itaú. Desde o início da ditadura militar, o falecido sócio
Herbert Levy, radical defensor daquele regime, teceu denúncias falsas
contra a COMAL que então era a maior produtora de café do Brasil. Mais
tarde o STF, da própria ditadura que Herbert Levy representava, julgou
todas as acusações improcedentes, mas até aí o dono da COMAL, Wallace
Simonsen, já havia se suicidado sem conseguir suportar as tamanhas e
injustas pressões da ditadura a todos seus empreendimentos. Suicídio que
muito beneficiou seus concorrentes: um paulista quatrocentão e um
judeu, sócios no Banco Itaú.
Desde
aí de diversas maneiras o Itaú ganhou dinheiro com os governos,
inclusive com o do PT, numa milionária sonegação de impostos. Esta sendo
cobrado, é verdade, mas na ditadura se beneficiaram inclusive com a
indicação de Olavo Setúbal para a prefeitura de São Paulo. Mas tanto o
Herbert quanto o Olavo nunca permitiram que a imagem da empresa se
associasse tão proximamente ao seus poderes políticos. Já Neca Setúbal,
como coordenadora da campanha da Marina Silva, permiti que se construa
uma íntima identificação entre projetos empresariais e projetos
políticos de utilização de uma personalidade frágil, débil e, agora,
vitimada. Por quem?
Verdade
que Marina procura convencer a opinião pública de que a assessoria da
Neca se dá em função de sua formação como educadora. Em que pese as
especialidades da descendente dos Souza Aranha Setúbal, a dúvida que não
pode deixar de ser suscitada é sobre qual poderia ser a colaboração de
uma pedagoga em uma campanha política? Certamente não estará ali para
cavar a vaga do Ministério da Educação se Marina eleita for! Mas se esse
for o caso, será ainda mais admirável a displicência da candidata que
distribui cargos ministeriais em setores de tanta importância como a
Educação, a troco de meras colaborações eleitorais! No entanto, se não é
o caso, está ali por quê?
Mesmo
lembrando que os Setúbal não foram e não são os únicos detentores de
instituições financeiras a se valer da ditadura militar para promover o
crescimento de suas empresas, também cabe lembrar que nem eles nem
outros como Amador Aguiar, do Bradesco, jamais permitiram denotar que
que seus projetos empresariais se mesclavam aos projetos políticos.
Laudo Natel, o ex contínuo a quem Amador elevou a governador do estado
de São Paulo, igualmente indicado pela ditadura, também era dúbio,
débil, frágil e franzino; mas nem por isso foi publicamente carregado
pelo Bradesco.
Com
a Neca Setubal na coordenação da campanha de Marina que agora decai à
vitimização, a pergunta que me acorre como cliente do Itaú é se a vitima
não serei eu? Por sorte, meus saldos sempre são insignificante e não é
nisso que se justificam meus medos de Regina Duarte. Era pelo Brasil
mesmo, mas já passou e agora me sinto aliviado, lamentando apenas pela
gerente da agência do Itaú onde tenho conta, mas suas lágrimas não me
convencerão de jeito algum!
P.S.: Escrevi esse comentário e, por acaso, antes de distribuí-lo recebo esta confirmação ao que pretendi demonstrar aqui:


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