domingo, 12 de março de 2017

POLÍTICA - O doutor "posso tudo".

O doutor “posso tudo”

naopode
O Doutor Sérgio Moro disse hoje, no Valor, que não está estressado, depois de tirar, disse ele, “longas férias”.
Portanto, não se pode colocar na conta de estresse as repetidas intervenções brutais que faz no depoimento das testemunhas de defesa do ex-presidente Lula..
Testemunha de defesa, quando o acusado nega a prática do crime, serve para formar convicção no juiz de que o histórico de seu comportamento é indicador de que, de fato, não o cometeu. Até porque testemunha alguma pode estar a seu lado 100% do tempo e, portanto, só pode dizer daquilo que presenciou.
Mas Moro se porta como promotor nos interrogatórios. Faz o que o time de segunda linha da Força Tarefa escalado para as oitivas de testemunhas não faz. Interrompe a defesa. Diz desaforos aos advogados de Lula, como fez com o ex-presidente da OAB/SP, José Roberto Batocchio. E hoje, interrompe uma pergunta que se respondida negativamente – e é sempre um risco perguntar isso a alguém que não tem lá muita afinidade política com você, hoje, mas participou, como presidente do  Banco Central, das maiores  decisões de política econômica, que trazem ganhos ou perdas para gente poderosa.
A prova de que a pergunta é relevante pode ser obtida com este simples raciocínio. Se Meirelles diz, por exemplo, que recomendou tal ação e ouvir de Lula: não, Meirelles, vamos segurar um pouco mais, que o pessoal dos bancos tem de me ajudar na eleição, este simples comentário seria relevante para o julgamento de suas atitudes, não é? Assim como é  relevante o “não, ele nunca fez isso, sempre tratou apenas do interesse do país”.
Mas Moro – e com o suporte de uma magistratura que deixou de lado o silêncio e o recato como qualidades ínsitas de um juiz – prima pela grosseria, pelo comportamento de acusador implacável, porque sabe que não há ninguém no país em condições de dizer-lhe: o senhor se comporte com urbanidade, Doutor Moro.
Porque ele não faz isso gratuitamente: faz de caso pensado. Sabe que seu embates verbais com a defesa tomarão, no noticiário, o lugar do fato objetivo: o que de sete dezenas de testemunhas ouvidas não houve nenhuma para dizer que o tal tríplex pertencia a Lula (exceto um oportunista que disse que “ouviu dizer”) e todos os que conviveram com ele nas decisões econômicas de governo – como foi também hoje o caso do ex-ministro Luís Fernando Furlan – jamais presenciaram qualquer atitude que podesse, minimamente, visar obter vantagens.
O Dr. Moro, portanto, não ouve testemunha para formar convicções. As suas estão formadas, e formadas desde muito antes, até, que se iniciasse qualquer processo.
Era – é – preciso “pegar o Lula”, seja de que jeito for.

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