sexta-feira, 29 de julho de 2022

Brasil de Fato.

 

 
Brasil de Fato
 
As diferenças (e semelhanças) entre o Bolsonaro da campanha de 2018 e o candidato de 2022
 
Quinta-feira, 28 de julho de 2022
 
 
A gente olha as bravatas e grosserias e dá até pra acreditar que nada mudou, que o Bolsonaro de 2022 é o mesmo de 2018 e até o mesmo que em 2014 atacou a deputada Maria do Rosário com uma fala remetendo a estupro. De fato, o preconceito e a misoginia continuam presentes, mas algumas coisas mudaram nesses últimos quatro anos.
Jair foi eleito em 2018 com um discurso antissistema e contra a corrupção, tentando se mostrar diferente dos políticos tradicionais apesar de já estar na carreira há quase 30 anos. Agora, em 2022, o atual presidente se lançou candidato à reeleição com o apoio dos presidentes da Câmara e do Senado, presentes na convenção do PL, partido pelo qual concorre dessa vez. Os dois estão entre as principais lideranças do centrão, grupo que reúne partidos da direita liberal que hegemonizam o jogo no Congresso Nacional.
O discurso antissistema ainda aparece frequentemente, nas diversas falas remetendo a uma quebra na institucionalidade – ou, em bom português, a um golpe. Mas ele percebeu que não é possível dar um golpe sozinho, e acabou se curvando ao xadrez que há tempos domina a lógica da política institucional no Brasil.
Lá em maio de 2018, Bolsonaro chegou a dizer que centrão seria sinônimo de “palavrão”, em uma das diversas manifestações contra esses políticos. Um mês depois, insinuou que o centrão estaria desesperado contra ele, Bolsonaro.
Outro discurso que perdeu a força ao ser confrontado com a realidade desses três anos e meio de governo é o de combate à corrupção. Vale relembrar as diversas denúncias envolvendo o governo que contamos em vídeo disponível aqui.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro também busca ganhar a simpatia de grupos com os quais jamais flertou em outras campanhas, como nordestinos e mulheres. Não que esteja dando certo: os levantamentos mostram que tem ampla desvantagem em ambos.
Pudera, o presidente tem histórica postura preconceituosa contra nordestinos. Referiu-se diversas vezes aos cearenses como “cabeçudos”, por exemplo.
Já as mulheres foram a principal força a se levantar contra a eleição de Jair Bolsonaro quatro anos atrás, no histórico movimento "Ele não". O período de governo mostrou que não era sem motivo: foi contra essa fatia da população que o atual presidente se colocou em diferentes momentos ao longo do mandato, a exemplo de quando vetou a previsão de distribuição gratuita de absorventes. Isso sem falar nos comentários machistas, como aquele contra Maria do Rosário em 2014, que seguiram acontecendo.
Não admira que esteja difícil angariar votos entre elas.
No meio disso, o Bolsonaro de 2022 enfrenta o desafio de ter que lidar com o avanço da rejeição ao seu nome, a ponto de ver o antibolsonarismo ficar maior que o antipetismo. Tudo isso a repórter Cristiane Sampaio conta em reportagem que você pode ler aqui.
E o MDB nessa história?
Enquanto isso, rachado, o MDB lança uma candidatura própria à Presidência da República que promete repetir a sina histórica do partido de terminar a eleição com poucos votos, nas poucas ocasiões em que lançou um nome na corrida ao Planalto. O antigo PMDB já esteve em praticamente todos os lados e contextos da política nacional, numa história que merece ser contada. E foi. Aqui você tem acesso ao nosso primeiro baú eleitoral, sobre o partido que já foi de Ulysses Guimarães e hoje abriga Michel Temer e Simone Tebet. 
 
 
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