Responsabilização. Esta parece ser uma das palavras que mais se aplica ao contexto político brasileiro. Muito daquilo que estava oculto agora vem à luz e se os males que estavam à vista de todos pareciam terríveis, mais e mais fatos mostram que o cenário era muito pior do que aparentava ser.
A tragédia dos Yanomami, no entanto, não era invisível. Entidades vinham denunciando nos últimos anos a omissão criminosa do governo Bolsonaro e o Brasil de Fato também alertou sobre a situação de crise humanitária que atingia os povos indígenas.
Em entrevista ao BdF realizada em outubro de 2019, o indigenista Bruno Pereira, assassinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022, havia exposto o que considerava os motivos de sua exoneração da Funai. "Nos últimos dois meses atuamos pesado junto com outras instituições contra o garimpo, fazendo inutilização de garimpo, destruindo garimpo. Fizemos, agora em setembro, a maior destruição de garimpo do ano, em região de índios isolados. A última operação de combate à mineração foi na reserva Yanomami. Cheguei à tarde e recebi minha exoneração."
Sim, era uma tragédia anunciada, infelizmente. E a responsabilidade de Bolsonaro e de seu governo começa a ser invocada. O advogado Ivo Macuxi, representante do Conselho Indígena de Roraima (CIR), garante que há evidências suficientes para julgar o ex-presidente pelo genocídio de povos indígenas. Entre elas, o sucateamento e a militarização da Funai, que fortaleceu o garimpo ilegal e resultou na crise humanitária dos Yanomami. Se você não leu a entrevista que ele nos concedeu, confira aqui.
Além disso, a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino, a Polícia Federal (PF) determinou na quarta-feira (25), a abertura de um inquérito para apurar os crimes de omissão e genocídio na crise humanitária vivida pelo povo Yanomami. Responsabilização. Guarde essa palavra.
20 anos do Brasil de Fato
E há 20 anos, num 25 de janeiro, nascia o jornal Brasil de Fato. Era a terceira edição do Fórum Social Mundial e naquele sábado 7 mil pessoas lotaram o Auditório Araújo Viana, no Parque Farroupilha, para prestigiar uma iniciativa pioneira de jornalismo organizada por movimentos populares brasileiros.
Se você quer saber mais dessa história, é só acessar aqui. E se quiser fazer parte dessa história, é só colaborar com a gente em nossa campanha de financiamento coletivo., Assim poderemos celebrar muitos outros aniversários juntos.
Como parte das nossas comemorações, lançamos o documentário Terceiro Ato, retratando os acontecimentos que marcaram o emblemático mês de janeiro de 2023, desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até os atos golpistas protagonizados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que destruíram as sedes dos Três Poderes da república. Assista no nosso canal no YouTube.
O Brasil de volta ao mundo
Depois de anos no ostracismo, em que houve até um ministro das Relações Exteriores que se orgulhava do país ser um “pária internacional”, o Brasil começa a voltar a frequentar espaços multilaterais e a retomar o diálogo com outros países.
Chefes e chefas de Estado dos países da Celac se reuniram nesta semana em Buenos Aires, Argentina, para uma cúpula que marcou o retorno do Brasil após o então presidente Jair Bolsonaro ter tomado a decisão de abandonar o órgão. Lula retornou de suas primeiras viagens internacionais iniciando o cumprimento de uma de suas promessas de campanha: a reinserção do Brasil no mundo. Aqui contamos como foi.
Bom final de semana,
Glauco Faria
Editor chefe do Brasil de Fato
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