Bagram, Afeganistão.
O jovem jornalista Jawad Ahmad trabalhava para a CTV canadiana, quando um oficial norte-americano lhe pediu para comparecer na base aérea de Kandahar. Só recuperou a liberdade esta semana sem qualquer acusação e diz ter sido submetido a tortura às mãos dos militares norte-americanos.
Durante o tempo em que esteve detido, os EUA acusaram Ahmad de ser um combatente talibã, por transportar consigo números de telemóveis e vídeos de dirigentes talibã. Foi enviado para base de Bagram, a prisão ilegal que foi origem e destino de muitos dos vôos secretos da CIA.
Num encontro com jornalistas após a libertação, Jawad Ahmad diz que viu no documentário "The Road to Guantanamo" algumas das situações de tortura e maus-tratos que viveu ao longo de quase um ano de cativeiro: a tortura do sono, os espancamentos e a obrigação de ficar em pé descalço sobre a neve são alguns dos exemplos da forma como os militares dos EUA o trataram, antes de o libertar esta semana sem nenhuma explicação.
Ahmad diz que as acusações foram mudando com o tempo. De combatente talibã passou a espião paquistanês e iraniano. Ameaçaram-no com o envio para Guantánamo por muitos anos. «Tudo de que me acusaram não era verdade», disse Ahmad à Associated Press, num hotel em Cabul. «Se fosse verdade, não me teriam libertado».
Ahmad chegou a trabalhar mais de dois anos como tradutor para as forças especiais dos EUA, mas abandonou a actividade quando foi ferido pela segunda vez em ataques dos talibãs.
Quanto aos alegados contactos com os talibãs, Ahmad não tem problemas em assumi-los como puramente profissionais. «Sim, falei com os talibãs como qualquer outro repórter. Viajei com eles. Fiz reportagens sobre eles. Não são meus tios nem irmãos, são talibãs. Falei com eles tal como falei com a NATO. Se só ouvirmos uma parte, somos inúteis», concluiu o jornalista agora devolvido à liberdade após um ano de pesadelo.
Fonte: Blog Esquerda.net
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