O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou na tribuna da ONU que está ocorrendo "uma rebelião de povos contra um modelo econômico, o capitalismo".
O presidente boliviano aproveitou seu discurso na Assembléia Geral da ONU para criticar a política dos Estados Unidos em relação a seu país.
Ele destacou que seu governo decidiu expulsar o embaixador dos Estados Unidos na Bolívia por não condenar os "atos de terrorismo" que estavam ocorrendo no país.
"Há algumas listas negras para castigar governos e se desautoriza o Governo nacional sob pretexto de luta contra o narcotráfico", disse.
Morales denunciou que em seu país havia uma "conspiração permanente" de pequenos grupos contra o processo de mudança implementado por seu governo e que alguns setores conservadores "tentaram nos desgastar desde o primeiro dia de governo".
"Quando chegamos ao governo nacional, encontramos com um escritório da CIA (agência de inteligência norte-americana) no palácio", afirmou.
O presidente boliviano disse que, graças ao apoio das nações da União de Nações Sul-americanas (Unasul), foi derrotada a tentativa de golpe de estado civil em seu país.
"Europa e América Latina rechaçaram este golpe civil, menos o governo dos Estados Unidos, que não condena esses atos de terrorismo", disse Morales.
Morales questionou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que horas antes, em sua intervenção no mesmo evento, não condenou a oposição boliviana quando falou do problema do terrorismo.
"O presidente dos Estados Unidos condena o terrorismo, na Bolívia grupos de direita incendeiam gasodutos, cortam ou tomam as válvulas para exportar gás a Brasil e Argentina, (mas) o governo dos Estados Unidos mediante sua embaixada não condena estes atos de terrorismo", disse.
"O embaixador dos Estados Unidos é o principal conspirador", insistiu, assegurando logo que tem diferenças com Washington, mas que respeita o povo norte-americano.
"As relações com os Estados Unidos estão vigentes, o que se está questionando é o comportamento do embaixador dos Estados Unidos", disse.
"Como somos parte da cultura do diálogo, da amizade, da diplomacia dos povos, vamos esperar que o governo dos Estados Unidos possa corrigir o comportamento dos distintos embaixadores que passaram pela Bolívia (...) Não queremos relações de intervenção e conspiração", acrescentou.
Morales também disse que a União de Nações Sul-americanas (Unasul) está se preparando para libertar a América do Sul e torná-la mais que o "quintal do império".
"Estamos construindo a grande pátria sonhada por Simón Bolívar", disse.
Segundo Morales, apesar de algumas diferenças internas a Unasul avança em direção à "integração e à dignificação" dos sul-americanos.
Na Bolívia e na América Latina. "começam processos de libertação, e isso é impossível conter", argumentou.
Além disso, comentou que, em uma recente visita ao Irã, se impressionou com o grau de desenvolvimento desse país.
"Onde não está o império, há desenvolvimento, há justiça e liberdade. Onde está o império, só há exploração e saque dos recursos naturais", afirmou.
A América Latina, acrescentou, assim como outras regiões do mundo, "jamais vai se submeter" aos Estados Unidos, país que, segundo disse, terá "um segundo Vietnã" no Oriente Médio.
Ele falou ainda da necessidade de desenvolver um catálogo de "dez mandamentos para salvar o planeta".
Citou entre eles, acabar com o capitalismo, denunciar as guerras, defender um mundo sem imperialismo nem colonialismo, viver em harmonia com a natureza, buscar serviços básicos como um direito humano e priorizar o consumo de produtos locais.
Escrito por Osvaldo Bertolino, do blog O outro lado da notícia.
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