quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ECONOMIA - A nova classe média dividida em perfis.

Estudo vê quatro perfis na nova classe média

Há várias "classes médias" dentro da nova classe média brasileira. As 108 milhões de pessoas que integram esse estrato social, com renda individual mensal entre R$ 320 e R$ 1.120, não são um grupo homogêneo em termos de consumo, perfil socioeconômico e muito menos visão de mundo. Isso é o que mostra um estudo feito pela Serasa Experian e pelo Data Popular para identificar as nuances desse estrato social, que desembolsou em 2013 R$ 1,17 trilhão com produtos e serviços.
A reportagem é de Márcia de Chiara e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-02-2014.

O estudo, que consultou cerca de 3 mil pessoas, combinando 400 variáveis, concluiu que há quatro diferentes perfis dentro da nova classe média. O grupo dos batalhadores reúne o maior contingente (30,3 milhões) e respondeu no ano passado pela maior fatia do consumo: R$ 388,9 bilhões.

"Esse grupo melhorou de vida e migrou recentemente da classe D para a C por meio do emprego formal", afirma o diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Ele destaca que esse grupo foi o grande responsável pelo salto no consumo dos últimos anos.

"Os batalhadores acreditam que as conquistas ocorreram pelos próprios méritos e só é pobre quem não se esforça para trabalhar", diz Meirelles. A garçonete Maria Consuelo de Souza Lima, de 42 anos, casada e mãe de três filhos e renda mensal de R$ 1.200, é uma típica representante deste grupo. "A vida melhorou nos últimos anos, principalmente no consumo de alimentos e vestuário", diz Maria Consuelo. Ela está estudando para ser auxiliar de enfermagem porque quer ganhar mais.

A pesquisa mostra que os batalhadores fazem amplo uso do crédito. A garçonete admite que atrasou o pagamento do cartão para ajudar na prestação do carro do filho. De fato, o crédito é muito disseminado entre a nova classe média e é usado por 58% dessa população.

Alavanca

Se os "batalhadores" foram a alavanca do consumo nos últimos anos, Meirelles projeta que, em cinco anos, dois outros grupos integrantes da nova classe média devem puxar para cima esse estrato: o grupo dos promissores e dos empreendedores. Os promissores são os jovens com idade média de 22 anos, a maioria com ensino médio completo e emprego com carteira assinada. Eles respondem por 19% da população desse estrato social e gastaram em 2013 cerca de R$ 230 bilhões com produtos e serviços. O sonho de consumo desse grupo é cursar uma faculdade, ter um smartphone e um notebook.

Já os empreendedores são a menor fatia da população (16%) e detiveram R$ 276 bilhões do consumo em 2013. No entanto, Meirelles diz que eles apresentam a maior perspectiva de ascensão para a classe B e têm pretensões maiores de consumo, como fazer uma viagem internacional. Enquanto isso, o grupo dos experientes é formada por pessoas mais velhas e com menor grau de instrução.

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