Nunca uma eleição foi tão importante como a que teremos em outubro. Mais do que qualquer outra coisa, o que está em jogo é a nossa ainda jovem e frágil democracia.
Jair Bolsonaro deixa claro, todo dia, o dia todo, que deseja dar um golpe. Na pior das hipóteses, ele e seu exército (ou seu Exército) de fanáticos irão tumultuar a eleição. Não irão aceitar o resultado, caso ele perca – como as pesquisas indicam. Um episódio como o ocorrido em 6 de janeiro de 2021 em Washington é provável.
Infelizmente, é possível (eu diria provável) que crimes como o assassinato do petista Marcelo Arruda por um bolsonarista se repitam. Como sabemos, ele foi morto porque comemorava seu aniversário numa festa que celebrava Lula e o Partido dos Trabalhadores. Se a decoração tivesse as cores e os símbolos de um time de futebol qualquer, por exemplo, Marcelo estaria vivo.
Aqui no Intercept, vamos cobrir as eleições de olho no fanatismo criminoso de Bolsonaro e seus seguidores. Nas ameaças que eles fazem, reiteradamente, à democracia e a quem se opõe a eles. Nas tentativas de intimidação a adversários. No uso da força e de armas para fazer o que não conseguem com palavras, fatos, argumentos.
O governo de Jair Bolsonaro é o pior da nossa história. E não porque ele fracassou. A tentativa confessada pelo presidente de extrema direita de desconstruir o estado brasileiro foi bem-sucedida. Basta olhar para o Ibama, a Funai, a Fundação Palmares, a Biblioteca Nacional, o Ministério da Saúde, o Itamaraty, a extinta política de desarmamento, o Ministério da Cultura que já não temos, o Ministério da Educação aparelhado por religiosos fanáticos e provavelmente corruptos, a Polícia Rodoviária Federal que ajuda a matar pessoas pretas nas favelas do Rio de Janeiro.
Bolsonaro é um perigo porque conseguiu fazer muito do que desejava. Já não é correto dizer que vivemos numa democracia plena. Mas ainda há tempo de salvar o que resta dela, para que possamos reconstruí-la. Mais do que sobre qualquer outra coisa, a eleição de 2022 é sobre democracia, direitos humanos, justiça social, as vidas das mulheres, das pessoas pretas, das pessoas LGBTQIA+.
Por tudo isso, nós queremos ouvir você. Queremos sua ajuda para decidir para onde – e como – olhar nos próximos e decisivos meses das nossas vidas. Você está sendo ameaçado por se opor a Bolsonaro? Conhece quem esteja? Sente medo por se manifestar contra ele, ou a favor de Lula, como foi o caso de Marcelo Arruda? Tem receio de não conseguir – ou mesmo não poder – votar contra o fascismo em outubro?
Então conte para nós. Nosso dever, como jornalistas, é registrar como Bolsonaro está tentando ganhar na marra, na violência, na bala, uma eleição que de outra forma deve perder. Queremos ouvir a sua história. Porque, em última análise, é também a nossa história. Responda a este e-mail, faça contato conosco pelo WhatsApp, pelo Signal, pelo SecureDrop, no Twitter, no Instagram.
Nós estamos juntos. E vamos cuidar que continuemos assim. |
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