day after
A eleição vista da Europa
Mídia europeia ressalta que a
vitória de Dilma se deveu, sobretudo, ao sucesso das políticas sociais
inclusivas do seu governo, seguindo a trilha dos dois governos do
ex-presidente Lula
por Flávio Aguiar
Havia uma indisfarçável música de fundo entoada com
esperança em parte da mídia aqui no Velho Continente: uma vitória de
Aécio sinalizaria o começo do fim do ciclo de esquerda na América do
Sul e Latina. Para quem torcia por isto, não deu certo. Mas no “day
after” a cobertura saiu equilibrada.
Ressalta-se que a vitória da presidenta Dilma se deveu, sobretudo, ao sucesso das políticas sociais inclusivas do seu governo, seguindo a trilha dos dois governos do ex-presidente Lula.
Também se ressalta o favorecimento da política de pleno emprego no país, em que pese – ressaltam os comentários – a inflação “alta” (mas a mídia aqui é mais sensata, ninguém fala em “descontrolada”) de 6,5% e o “patinar” do PIB brasileiro.
Por vezes esses comentários vêm envoltos em paradoxos verbais: o mesmo comentário fala em “pleno emprego” e em “economia moribunda”. É que a formação da maioria dos economistas e jornalistas econômicos aqui segue a escola de Armínio Fraga: um tanto mais de desemprego faria “bem” à economia, tornando o país mais “competitivo”.
Como aqui é mais corriqueiro tratar as coisas pelo nome que têm, os comentários não ocultam o fato de que o governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores é mais comprometido com o “redução da desigualdade”, e que a candidatura de Aécio era mais “pro-business”, o que devemos traduzir por “pró-mercado”.
Isso não quer dizer que esta formulação seja sempre positiva: há muita gente por aqui, na mídia e fora dela, que preferia a eleição de alguém “pro-business” no Brasil.
Também houve espaço para se comentar que a campanha eleitoral foi muito “suja”, com acusações mútuas de corrupção, escândalos, nepotismo, incompetência. Mas como também aqui se costuma chamar os bois por seus nomes, também se mencionou o fato de que grande parte das denúncias partia ou era amplificada por uma mídia “dominante” que era extremamente “hostil” à presidenta. Como exemplo, ganhou destaque a capa de Veja com a acusação de que ela e Lula “sabiam de tudo”.
Numa observação mais acurada,o correspondente do The Guardian, Jonathan Watts, apontou que esta denúncia (envolvendo a Petrobras) foi o carro-chefe do apelo de Aécio a seus eleitores. Mas que elas (a denúncia e a campanha de Aécio) ficaram soterradas por uma série de contra-ataques a que ele não conseguiu dar respostas capazes de neutralizá-los, que iam das denúncias de nepotismo, sobre o aeroporto em Cláudio e também as lembranças de seu alegado comportamento violento com sua companheira. Diz o correspondente que a “negativa” do candidato não conseguiu deter a queda de sua popularidade entre as mulheres e que isto lhe foi fatal.
Também ganhou destaque o elevado número do não comparecimento (29 milhões) e de votos nulos e brancos (sete milhões): juntos, eles totalizaram 36 milhões, ou 25% do eleitorado.
Para finalizar, assim como no Brasil, especula-se sobre quem será o próximo ministro da Fazenda, dando-se por certa a substituição de Guido Mantega. Aliás, esta foi uma das campanhas mais insistentes dos porta-vozes da City londrina no Financial Times e na The Economist, que não cessavam de pedir a cabeça do ministro.
De um modo geral, a cobertura da vitória de Dilma Rousseff reequilibrou a cobertura da mídia europeia sobre o Brasil, muito marcada neste ano da Copa pela contínua exposição do país como “inviável” em vários sentidos, da incompetência à corrupção, da indigência aos preconceitos raciais e sociais.
Ressalta-se que a vitória da presidenta Dilma se deveu, sobretudo, ao sucesso das políticas sociais inclusivas do seu governo, seguindo a trilha dos dois governos do ex-presidente Lula.
Também se ressalta o favorecimento da política de pleno emprego no país, em que pese – ressaltam os comentários – a inflação “alta” (mas a mídia aqui é mais sensata, ninguém fala em “descontrolada”) de 6,5% e o “patinar” do PIB brasileiro.
Por vezes esses comentários vêm envoltos em paradoxos verbais: o mesmo comentário fala em “pleno emprego” e em “economia moribunda”. É que a formação da maioria dos economistas e jornalistas econômicos aqui segue a escola de Armínio Fraga: um tanto mais de desemprego faria “bem” à economia, tornando o país mais “competitivo”.
Como aqui é mais corriqueiro tratar as coisas pelo nome que têm, os comentários não ocultam o fato de que o governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores é mais comprometido com o “redução da desigualdade”, e que a candidatura de Aécio era mais “pro-business”, o que devemos traduzir por “pró-mercado”.
Isso não quer dizer que esta formulação seja sempre positiva: há muita gente por aqui, na mídia e fora dela, que preferia a eleição de alguém “pro-business” no Brasil.
Também houve espaço para se comentar que a campanha eleitoral foi muito “suja”, com acusações mútuas de corrupção, escândalos, nepotismo, incompetência. Mas como também aqui se costuma chamar os bois por seus nomes, também se mencionou o fato de que grande parte das denúncias partia ou era amplificada por uma mídia “dominante” que era extremamente “hostil” à presidenta. Como exemplo, ganhou destaque a capa de Veja com a acusação de que ela e Lula “sabiam de tudo”.
Numa observação mais acurada,o correspondente do The Guardian, Jonathan Watts, apontou que esta denúncia (envolvendo a Petrobras) foi o carro-chefe do apelo de Aécio a seus eleitores. Mas que elas (a denúncia e a campanha de Aécio) ficaram soterradas por uma série de contra-ataques a que ele não conseguiu dar respostas capazes de neutralizá-los, que iam das denúncias de nepotismo, sobre o aeroporto em Cláudio e também as lembranças de seu alegado comportamento violento com sua companheira. Diz o correspondente que a “negativa” do candidato não conseguiu deter a queda de sua popularidade entre as mulheres e que isto lhe foi fatal.
Também ganhou destaque o elevado número do não comparecimento (29 milhões) e de votos nulos e brancos (sete milhões): juntos, eles totalizaram 36 milhões, ou 25% do eleitorado.
Para finalizar, assim como no Brasil, especula-se sobre quem será o próximo ministro da Fazenda, dando-se por certa a substituição de Guido Mantega. Aliás, esta foi uma das campanhas mais insistentes dos porta-vozes da City londrina no Financial Times e na The Economist, que não cessavam de pedir a cabeça do ministro.
De um modo geral, a cobertura da vitória de Dilma Rousseff reequilibrou a cobertura da mídia europeia sobre o Brasil, muito marcada neste ano da Copa pela contínua exposição do país como “inviável” em vários sentidos, da incompetência à corrupção, da indigência aos preconceitos raciais e sociais.
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