Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras.
Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
Numa semana que prometia ser
dominada pela cassação de Eduardo Cunha, a denúncia formulada pelo
Ministério Público contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
roubou as atenções. Foi saudada pela metade do Brasil que foi induzida a
desejar a sua prisão e criticada pela outra metade que ou enxerga
abusos na operação Lava Jato ou deseja vê-lo de volta à presidência da
República, nessa destrutiva guerra de torcidas em que se transformou a
política brasileira. Embora a forma de divulgação da
denúncia, exagerada na visão de juristas e da própria OAB, tenha sido o
aspecto mais discutido ao longo da semana, o ponto mais importante foi o
fato de o MP não ter pedido a prisão de Lula, nem de seus familiares. É
uma escolha que demonstra certa prudência. Afinal, qual seria o sentido
de prender, em primeira instância, um senhor de 70 anos, que está no
"topo da cadeia alimentar”, não tendo ninguém a delatar, e que, como
todo cidadão, tem direito à presunção de inocência? Mais do que isso, a eventual prisão
de Lula não interessaria a ninguém do sistemão brasileiro, uma vez que
99,99% dos políticos têm telhado de vidro. O risco seria ainda maior em
se tratando de Lula, que, mesmo com todos os revezes, continua a ser o
líder político mais popular e com maior capacidade de mobilização
popular do País, sendo ainda o mais articulado internacionalmente. Uma
vez aberto o precedente com Lula, mesmo seus adversários com aspirações
presidenciais, todos eles citados em delações de empreiteiros, estariam
ameaçados. A caçada judicial, portanto, parece
ter outro objetivo. Trata-se de conseguir rapidamente uma condenação em
primeira instância, no Paraná, que possa ser confirmada pelo Tribunal
Regional Federal de Porto Alegre. Nesse cenário, Lula se tornaria
ficha-suja, ficando impedido de concorrer a cargos públicos. Assim, o
jogo da sucessão presidencial em 2018 seria controlado pelas mesmas
forças que conduziram o afastamento da presidente Dilma Rousseff, com
uma espécie de domínio oligárquico do processo político. Em seu pronunciamento, um dia após a
denúncia, Lula percebeu a natureza do processo e disse que não adianta
prendê-lo nem retirá-lo do jogo. “Virão outros Lulas”, afirmou,
indicando, que, em qualquer condição, terá poder para influir
diretamente no processo político. Exageros contra Lula, tanto na forma
como no conteúdo, só contribuem para vitimizá-lo e torná-lo ainda mais
forte – especialmente se o governo Temer, que ainda tem sua legitimidade
contestada, se mostrar incapaz de retirar o Brasil de sua mais aguda
crise econômica.
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