quinta-feira, 14 de julho de 2022

Brasil de Fato

 

 
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Assassinato de petista por bolsonarista escancara riscos de escalada da violência nas eleições
 
Quarta-feira, 07 de Julho de 2022
 
 
Os elementos da cena são tão explícitos que, se fosse num filme ou novela, correria o risco de a gente achar que tudo estava excessivamente demarcado, óbvio demais. Mas uma invasão armada aos brados de “aqui é Bolsonaro” em uma festa privada com decoração petista, levando ao assassinato de um militante do PT, soou como um excesso de realidade no domingo – uma realidade assustadora. E se, como alertou Marcelo Arruda, o aniversariante morto na noite de sábado, ele for apenas uma das “primeiras vítimas” da escalada de violência às vésperas da eleição de outubro?
Infelizmente, quando pensamos em violência política em ano eleitoral, Marcelo não é nem mesmo o primeiro. Teve Moa do Katendê, em outubro de 2018, morto por um eleitor de Bolsonaro logo após o primeiro turno das eleições que levariam Bolsonaro à Presidência. Teve Marielle, meses antes disso, assassinada por milicianos cheios de ligações suspeitas com a própria família do presidente. E teve uma coleção de declarações de Bolsonaro incitando à violência – como um chamado a “fuzilar a petralhada no Acre”, nas eleições de 2018.
Em um cenário de crescente acesso a armas, que circulam no país em quantidade cada vez maior graças a decretos do presidente, o assassinato de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, chama a atenção para os efeitos reais que o discurso violento de Bolsonaro pode causar. Também vale atentar para narrativas que buscam colocar a esquerda como no mínimo tão violenta quanto o bolsonarismo, como chamar a reação de legítima defesa de Arruda de “troca de tiros”.
“Quando você tem um líder que atua simbolicamente para criar um ambiente favorável ao uso da violência, isso estimula os cidadãos a aderirem a essa simbologia”, explicou ao Brasil de Fato a professora e pesquisadora Mayra Goulart, que estuda a trajetória política do ex-capitão. Bolsonaro incentiva a violência para provocar convulsão social e desestabilizar a democracia.
Em atos de pré-campanha eleitoral da chapa Lula-Alckmin, começam a pipocar ataques como o disparo de uma malcheirosa bomba caseira no Rio de Janeiro, na semana passada. “É uma tentativa clara de intimidar todas as lideranças, militantes e também os pré-candidatos que estão fazendo voz contra essa cultura do ódio disseminada por esse governo”, comentou o geógrafo e militante do MST Valdir Misnerovicz. Ele viajou de Goiânia a Brasília para acompanhar um ato com o ex-presidente Lula na capital federal na noite de ontem – que aconteceu, felizmente, sem incidentes. “Ninguém vai colocar medo em nós”, bradou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, no evento. “Nós não vamos abaixar a cabeça.” Leia mais na reportagem.
 
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