quinta-feira, 14 de julho de 2022

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QUINTA-FEIRA, 14 DE JULHO DE 2022

A poucas semanas do início oficial da campanha, o ex-capitão ganha fôlego extra com a ajuda da oposição (Foto: Sergio Lima / AFP)

Melhor, mas não o bastante

A PEC Eleitoral dá alguma sobrevida à campanha de Bolsonaro, mas é insuficiente para derrotar Lula

por Alisson Matos

A aprovação da PEC Eleitoral dará ao governo Bolsonaro um cheque em branco de 40 bilhões de reais. Não transforma, porém, o presidente em favorito a vencer a eleição de outubro deste ano.O posto continuará com o ex-presidente Lula (PT). Mas a vitória do governo deve sacramentar a ida do ex-capitão ao segundo turno, em um pleito que poderia ser decidido, segundo algumas pesquisas, ainda no primeiro.

A avaliação é de parlamentares da oposição e de aliados de Lula, com quem CartaCapital conversou nas últimas semanas. A ameaça de uma disparada na popularidade de Bolsonaro, a poucos meses da eleição, não foi suficiente para que a maioria dos senadores e deputados contrários à gestão federal votasse contra a proposta.

O texto impõe estado de emergência e livra do teto de gastos 41,25 bilhões de reais para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás, a criação de auxílios a caminhoneiros e taxistas, entre outras benesses, com data certa para acabar: dezembro deste ano.

A oposição até conseguiu retardar a tramitação, mas sabia que não condições para enfrentar Arthur Lira (PP-AL), fortalecido pelo chamado orçamento secreto.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o mês de agosto será decisivo para se avaliar o impacto da PEC. “No próximo mês, a gente vai ver. Mas reverter o quadro e tornar o Bolsonaro favorito é muito difícil”, afirmou. “Se ele [Bolsonaro] crescer, a possibilidade do voto de centro ir para o Lula já no primeiro turno cresce também”.

O que pode pesar contra o presidente é o tempo que lhe resta até a eleição. Bolsonaro terá apenas dois meses – já que os novos benefícios sociais só começarão a ser pagos em agosto – para que a PEC surta efeito e chegue aos mais pobres.

“O objetivo do Bolsonaro é tentar mudar um pouco a previsão eleitoral. Pode ser que ele tenha algum ganho, mas não reverte o resultado da eleição", avalia a deputada Sâmia Bomfim (PSOL) "É pouco tempo para gastar o dinheiro que será liberado. Não acredito que em dois meses as pessoas vão mudar a avaliação sobre este governo”.

A opinião é compartilhada por Marcelo Ramos (PSD-AM), que foi vice-presidente da Câmara. "A PEC terá impacto eleitoral, mas não o suficiente pra virar a eleição, que hoje é muito pró-Lula”, avaliou.

A campanha de Lula, à militância, tem repetido que seria fundamental vencer ainda no primeiro turno. Nos bastidores, contudo, seus integrantes consideram esse desfecho improvável. É o que diz o ex-ministro Gilberto Carvalho.

“Temos que trabalhar muito. Eu não aposto nessa história de primeiro turno. Se não der certo, vem um desânimo”, declarou. “Temos que acabar com isso [de acreditar em vitória no primeiro turno], o negócio é ganhar a eleição”.

PT e PSB: tão longe, tão perto

desistência de Márcio França (PSB) – que, após muito debate, abriu mão da disputa por São Paulo em nome da aliança com o PT – dava a impressão de que os impasses no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo fossem ser solucionados logo na sequência. Nada mais falso.

No Espírito Santos, segundo o PSB, a palavra final está nas mãos do PT, que deve retirar a pré-candidatura de Fabiano Contarato ao governo do estado e embarcar na reeleição de Renato Casagrande (PSB). Há chances de algum petista ocupar a vaga de vice. Procurado, Contarato não respondeu.

Já no Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (PSB) e Edegar Pretto (PT) não se moveram um centímetro sequer rumo a uma coalizão. 

Todas as negociações feitas pelas direções estaduais naufragaram. Conforme CartaCapital apurou, apenas uma intervenção nacional fará com que se chegue a um acordo. Só Lula e Carlos Siqueira salvam.

Por fim, há o Rio de Janeiro, onde as discordâncias se dão entre as pré-candidaturas ao Senado: de um lado, André Ceciliano (PT). Do outro, Alessandro Molon (PSB). Na terça-feira 12, Molon reforçou a CartaCapital que está irredutível: não há chances de retirar a sua pré-candidatura em nome de uma aliança ampla em torno da candidatura de Marcelo Freixo (PSB), que busca o governo estadual. A conferir.

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