sábado, 20 de setembro de 2008

ARTIGO - O paraíso da Santa Fé.

Paolo Manzo, de Roma

Bento XVI tende a reforçar a interferência política da Igreja Católica no mundo e na Itália, ampliando o raio de ação atingido durante o pontificado de João Paulo II. Em visita à França entre 15 e 17 passados, o papa Ratzinger voltou ao tema da família em uma alocução aos bispos do país ao atacar as leis “que há décadas relativizam a sua natureza de célula primordial da sociedade”.

A Igreja, disse o papa, deve opor-se à legalização das uniões estáveis fora do matrimônio. Observe-se que a França é pioneira no reconhecimento dessas uniões, legalizadas dede 1999. “Amiúde – sublinhou –, as leis cuidam de adaptar-se aos hábitos e às reivindicações de certos indivíduos ou grupos, em lugar de promover o bem comum.”

Dias antes, na Itália, Ratzinger lamentara a ausência de verdadeiros católicos praticantes entre os políticos em geral e no próprio governo. Trata-se de manifestações que ofendem poucos e não surpreendem o mundo cristão, acostumado com as dubiedades de uma Igreja que diz preocupar-se com a saúde espiritual dos homens, mas na prática, age freqüentemente como poder temporal. E nem sempre a bem da humanidade.

Por exemplo. A Santa Sé, como paraíso fiscal, é muito mais segura que as Ilhas Cayman, e, se Daniel Dantas usufruísse de conhecimentos certos no Vaticano, com muitas probabilidades a Operação Satiagraha teria abortado ao nascer. O Instituto para as Obras de Religião, ou como todos o conhecem: IOR, este é o nome do banco do papa, que concede aos seus selecionadíssimos clientes juros mínimos de 12% ao ano, a garantia, além da segurança do capital, de proventos com risco zero, impensáveis no restante mundo ocidental, um anonimato blindado no caveau da torre onde se localiza a sede central do Instituto, com os seus 5 bilhões de euros.

Nos últimos 30 anos, o IOR esteve envolvido em todos os escândalos que assolaram a Itália, mas nunca nenhum juiz solicitou uma investigação, nem de rotina, para procurar compreender, caso houvessem, quais as responsabilidades dos banqueiros vaticanos. Não, não é uma ficção científica, mas apenas algumas revelações do La Questua, ensaio que há meses lidera as estatísticas de vendas na Itália, embora seja ignorado pela maioria dos mass media. No entanto, o volume é o fruto de anos de pesquisas realizadas por Curzio Maltese, jornalista investigativo do diário La Repubblica que há tempo indaga teimosamente sobre esses temas, batendo contra a parede de borracha das autoridades eclesiásticas.
Fonte:Revista Carta Capital.

2 comentários:

Anônimo disse...

meu caro 1º você e´um despeitado, quem nao assume um lado é pior quem tem um lado, 2º o papa é o chefe da igreja, por isso, ele fala por ela e responde por ela e 3º o banco não é do Papa e sim da Igreja Católica Apostolica Romana. O Papa além de ser o chefe espiritual ele é o presidente do Vaticano que é um estado indepêndente e além de ser um ponto turistico e por isso é que tem um banco ou você acha que as pessoas vão lá sem dinheiro.

César disse...

fui eu que escrevi o comentario acima