Num momento econômico como este, não dá vontade de aproximar-se de um desses fundamentalistas do mercado -- heraldos da sapiência infinita da receita neoliberal, Marios e Alvaros Vargas Llosa, aquela penca de economistas do tucanato, os engravatados moleques de recado do FMI e a longuíssima lista de catervas e congêneres –, tocá-los suavemente no ombro e sussurar nos seus ouvidos: e aí, companheiro, como anda a sua fé no dogma?
Convenhamos, é um choque e tanto para o receituário religioso da crença na potestade do mercado: a nação do livre mercado conclui oito anos de governo do partido do “governo pequeno” com o seu Banco Central fazendo a maior intervenção da história nos negócios privados, salvando com US $ 85 bilhões um mega-conglomerado cujo negócio é fornecer ..... seguros! Você pagou para (não) ser assegurado duas vezes. Na República dos Estados Unidos Soviéticos da América (via), você tem o melhor dos dois mundos: todas as garantias de lucro são do oligopólio, todos os riscos são seus. Não é uma coisa de gênio? Por um capitalismo genuinamente socialista para todos os ricos!
Não dá vontade, talvez, de adotar uma abordagem um pouco mais agressiva e dizer àqueles economistas – aqueles, do receituário do FMI, que apareciam tanto na televisão durante o tucanato, lembram-se? -- com uma voz um pouco mais agressiva: o Sr. não suspeita, cumpadi, que a “ciência” que o Sr. está fazendo é um mero aparato de justificativas pomposas para uma estratégia de transferir ainda mais renda dos pobres para os ricos? O Sr. acredita realmente no que está dizendo ou faz de má fé?
Nos EUA, o Partido Republicano conseguiu uma extraordinária façanha: convencer uma parcela significativa do eleitorado de que o governo é “o problema”, não “a solução”. Assim, nesses termos. Portanto, votem em nós. Elejam para o governo aqueles que acham que o governo é o problema e deve fazer cada vez menos. Convenhamos, é uma plataforma que minimiza o erro.
O gerente de campanha de John McCain, Rick Davis, seu conselheiro Charlie Black, e o avaliador da escolha vice-presidencial, Arthur Culvahouse, foram lobistas dos gigantes das hipotecas. Perguntado sobre como ele reagiria à crise, McCain disse que “mandaria embora” o diretor da Security and Exchange Commission (SEC). Detalhe: a SEC é uma agência independente. Num discurso de campanha ontem, Obama bateu duro em McCain, associando-o às políticas desastrosas da administração Bush.
Fonte: Blog O Biscoito Fino e a Massa.
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