terça-feira, 9 de setembro de 2008

TRANSGÊNICOS - Transgênico dá prejuizo para produtores na safra 2008/09.

DCI - Enquanto os produtores de sementes convencionais irão trabalhar com aumentos moderados, e em algumas regiões até mesmo queda, no preço dos herbicidas na safra 2008/2009, os produtores de sementes geneticamente modificadas terão um aumento significativo nos custos de produção, puxado pelo incremento nos preços dos defensivos à base de glifosato. Segundo levantamento feito pelo Scot Consultoria, o preço da embalagem de 20 litros do Roundup, marca líder de mercado, aumentou de R$ 249,56 em agosto de 2007 para R$ 348,00 em agosto deste ano.

A última tabela com os custos de produção da safra 2008/2009 divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já mostra os efeitos da alta do produto no bolso do agricultor. Os cinco municípios avaliados pela estatal apresentaram aumento nos gastos com agrotóxicos.

"O preço dos defensivos ficou estável nessa safra, com exceção daqueles à base de glifosato. Como o produtor compra muito esse produto ele acabou puxando para cima o preço dos agrotóxicos como um todo", disse Asdrúbal Jacobina, gerente da gerencia de custo de produção Conab.

O produtor de transgênicos também arca com um custo maior na aquisição de sementes já que são impedidos de multiplicá-las pela lei de patentes. Para essa safra, a Monsanto já anunciou que aumentará em 17% o royalty da soja transgênica. A cobrança da taxa passará de R$ 0,30 para R$ 0,35 por quilo, já os agricultores que plantarem soja modificada a partir de semente própria deverão repassar 2% do valor de sua colheita para a empresa. Só no Rio Grande do Sul a empresa deve recolher mais de R$ 100 milhões dos agricultores.

Em Cruz Alta (RS), o preço da semente (já com o custo do royalty incluído), subiu de R$ 69,95 para R$ 85,29 por hectare. [...]

[...] De acordo com Gabriel Fernandes, agrônomo da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (ASPTA), o aumento na procura pelo por defensivo à base de glifosato não está ligado ao benefício do produto, mas sim à dependência. "Nos dois, três primeiros anos o uso de herbicida cai, mas depois a semente fica mais resistente e o produtor tem que aumentar volume de aplicação", afirmou.

Para Fernandes, o fato dos produtores de soja não encontrarem na prática os benefícios que as empresas tinham anunciado deve desestimular a expansão do milho transgênico que terá seu primeiro plantio na safra atual.

Acreditando na ampliação do nicho de mercado de sementes convencionais está sendo criada oficialmente hoje a Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados. A entidade reúne empresas como o grupo Maggi, Caramuru Alimentos, Imcopa e Brejeiro.

Leia a matéria completa no site do DCI

A perda de competitividade da soja RoundUP já era esperada por muitos analistas sérios. Principalmente em clima tropical ou semi-tropical, os ciclos biológicos são muito dinâmicos e todas as plantas acabam por criar mecanismos de resistência aos produtos químicos, levando o produtor a aumentar a dose ou, na maioria dos casos, trocar de produto. Como a variedade da Monsanto é dependente do herbicida da empresa, o produtor fica de mãos atadas vendo seus custos aumentarem e o meio ambiente sendo degradado.

Nos anos 1960/70, o Brasil importou pacotes tecnológicos da chamada Revolução Verde e acabou pagando o preço de sua não adaptação às condições de clima e solo brasileiros. Foi a partir da do fim dos anos 1970 que pesquisadores começar criar uma tecnologia "tupiniquim" respeitando nossa realidade, o que significou, aí sim, a nossa Revolução Verde.

A biotecnologia chegou ao Brasil com atraso e da pior forma possível, por meio do contrabando de sementes de uma empresa monopolista; um novo pacote tecnológico alienígena. O desenvolvimento de variedades transgênicas deveria estar a serviço dos produtores, da produtividade e do meio ambiente. Por muitos anos a Embrapa se viu impedida de pesquisar e formular variedades que atendam nossas necessidades, mas com a aprovação da lei de Biossegurança em 2004, esse espaço já começa a ser preenchido. A produção brasileira precisa de variedades transgênicas que atuem sobre gargalos específicos de nossa agricultura, sobre doenças e pragas que costumam afetar nossa agricultura.

Segundo a Embrapa, "os investimentos feitos pela Embrapa partem da premissa de que a agricultura sustentável depende de boa ciência e desenvolvimento tecnológico, fatores decisivos para o aumento da produtividade verificado no Brasil nos últimos 20 anos. Mais ainda, manter baixos níveis de uso de tecnologia no setor agrícola é condenar o país à pobreza e desprezar a enorme vantagem comparativa deste setor em relação aos seus principais competidores em uma economia globalizada"
Fonte: Blog do Alê.

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