Sincero, com fundamento e uma dose de humor.
Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual
São Paulo - Um infográfico com dados e tabelas comparativas entre os governos. Ilustrações de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso e seus indicados à Presidência da República, respectivamente José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). O autor da peça é Bruno O. Barros, o IlustreBOB, um designer e ilustrador profissional de 28 anos, residente no Rio de Janeiro (RJ) que resolveu agir e criar uma peça "viral" sobre a campanha, diante dos e-mails e correntes com boatos e informações mentirosas sobre Dilma e o PT (clique aqui para acessar).
O infográfico é um material limpo e direto, com base em dados oficiais como estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O "anti-spam" foi publicado e circulou por blogues, perfis no Twitter e por e-mails na sexta-feira (8).
Eleitor da candidata governista, Bruno concedeu entrevista à Rede Brasil Atual. Sem ter qualquer relação profissional com a campanha da petista, o designer lembrou-se de infográficos criados nos Estados Unidos durante a campanha presidencial de 2008, trazendo desmentidos a ataques contra Barack Obama, candidato democrata que se sagraria vitorioso naquela disputa. Diferentemente de lá, lembra Bruno, nenhuma peça do gênero circulou para defender Dilma no primeiro turno. Era hora de agir.
Autor de infográfico "viral""Confesso que fiquei surpreso em ver que o PT ignorou sistematicamente essa campanha viral da oposição durante todo o primeiro turno", relata Bruno. "Viral" é o termo que descreve como algumas peças publicitárias ou partidárias são distribuídas pela internet. O fenômeno assemelha-se à disseminação de um vírus, o equivalente à troca de informações "boca a boca", mas acelerado e potencializado pela velocidade da internet.
Assim que alguém recebe um material com o qual concorda, repassa a amigos e parentes, seja por e-mails, instaurando correntes, seja em blogs, no Twitter ou em outras redes sociais.
Bruno apostava que não era o único a sentir necessidade de um material assim. "Eu sabia que o infográfico ia viralizar rápido pela internet. Nem me preocupei em enviar para ninguém, simplesmente postei no meu portfólio e mandei umas duas mensagens no Twitter avisando", resume.
"Eu senti que havia um grupo de pessoas extremamente organizado espalhando pela internet boatos maldosos sobre a candidata que eu acredito ser a melhor opção para o país. Há uma clara agenda da oposição em difamar Dilma da forma mais suja e subterrânea possível — através de correntes e spams." – Bruno O. Barros, o Ilustre BOBA estratégia deu certo. "Em menos de 12h o infográfico já tinha se transformado num viral", comemora.
Com mais dois rascunhos nessa linha, mas tendo de driblar a falta de tempo, tomado por um doutorado e por tarefas de ilustrador autônomo, Bruno explica onde mirar: "Eu sinto que todos os spams sujos anti-Dilma têm um tom de filme de terror "a la" Regina Duarte. Eu gostaria de ver os virais pró-Dilma com um tom mais leve, objetivo e divertido".
Como não poderia deixar de ser, a conversa deu-se por comunicador instantâneo. A seguir, os principais trechos da "conversa por escrito" .
Rede Brasil Atual diz: Por que você decidiu montar, por conta própria, esse infográfico? Houve alguma motivação específica?
Bruno diz: Sim, eu senti que havia um grupo de pessoas extremamente organizado espalhando pela internet boatos maldosos sobre a candidata que eu acredito ser a melhor opção para o país. Há uma clara agenda da oposição em difamar Dilma da forma mais suja e subterrânea possível — através de correntes e spams.
Confesso que fiquei surpreso em ver que o PT ignorou sistematicamente essa campanha viral da oposição durante todo o primeiro turno.
Rede Brasil Atual diz: Houve alguma dessas correntes que moveu você a agir? Algum e-mail que incomodou, que tenha servido como gota d'água?
Bruno diz: Não houve nenhum e-mail em especial, mas o conjunto deles. O conjunto da obra construía uma imagem fantasiosa, vilanesca da Dilma. Olha... A grande força desses e-mails não era vilanizar Dilma, mas tirar a atenção das pessoas daquilo que realmente interessa ser discutido numa campanha eleitoral.
"Eu ainda me surpreendo que ninguém tenha feito isso no primeiro turno. Durante a campanha de (Barack) Obama nos EUA eu recebi inúmeros infográficos de designers combatendo a desinformação e os boatos falsos sobre o candidato." – Bruno O. Barros, o Ilustre BOB
Rede Brasil Atual diz: E como as pessoas receberam o infográfico? Imagino que você tenha encaminhado a amigos e parentes, além da própria circulação por blogues e sites.
Bruno diz: Eu sabia que o infográfico ia viralizar rápido pela internet, nem me preocupei em enviar para ninguém. Simplesmente postei no meu portfólio e mandei umas duas mensagens no Twitter avisando. Em menos de doze horas o infográfico já tinha se transformado num viral.
Eu sabia que ia viralizar porque esse tipo de campanha faltava do nosso lado da moeda. A oposição estava se matando para enviar milhares de e-mails sujos e eu senti que um infográfico simples, profissional e sincero da nossa parte cairia como uma luva para quem estava com sede de combater os spams falsos.
"Diante da falta de iniciativa dos partidos em geral em lidar com esse ambiente digital de uma forma que chegue ao jovem na sua linguagem, eu acho que qualquer coisa com ar profissional, que tenha foco no que importa, seja sincero e que tenha algum fundamento na verdade tem potencial pra viralizar rápido. Um pouco de humor ajuda muito também." – Bruno O. Barros, o Ilustre BOB
Eu ainda me surpreendo que ninguém tenha feito isso no primeiro turno. Durante a campanha de (Barack) Obama nos EUA eu recebi inúmeros infográficos de designers combatendo a desinformação e os boatos falsos sobre o candidato.
Rede Brasil Atual diz: Isso serviu de inspiração? Perceber que funcionou por lá como antídoto para essa boataria que você percebia?
Bruno diz: Sem dúvida. Por isso, fiz o infográfico seguro que daria certo. Os elogios que eu mais tenho recebido fazem referência ao fato do infográfico ser muito mais limpo, honesto e transparente que os spams da oposição. Acho que o fato de não ser anônimo contribui para isso.
Rede Brasil Atual diz: Alguém da campanha lhe procurou depois que o infográfico estava circulando?
Bruno diz: Sim. Já recebi diversos e-mails de deputados e vereadores da coligação da Dilma, recebi também do pessoal responsável pela campanha do PT em vários estados solicitando o material para impressão. Mas também já recebi muito e-mail com aquele velho trololó da oposição, mas nada que faça sentido de verdade ou que desperte preocupação real. O que eu tenho feito é, essencialmente, ignorá-las.
"Eu até tenho recebido bastante e-mails de pessoas contribuindo com mais dados para novos infográficos, mas a maioria delas não citam as fontes dos dados." – Bruno O. Barros, o Ilustre BOB
Rede Brasil Atual diz: Você pensa em repetir a dose? Criar outros virais, por exemplo?
Bruno diz: Eu estou no meio de um doutorado, além de trabalhar como designer e ilustrador autônomo. Aí fico meio sem tempo, mas confesso que já tenho uns rascunhos no papel que poderiam gerar pelo menos mais dois infográficos. Um outro problema é coletar informações, dados mais precisos etc. Isso leva tempo... Eu até tenho recebido bastante e-mails de pessoas contribuindo com mais dados para novos infográficos, mas a maioria delas não citam as fontes dos dados.
De qualquer forma, tenho a intenção sim de publicar mais um ou dois infográficos até o fim do segundo turno.
Rede Brasil Atual diz: Você menciona as fontes dos dados. Que outras dicas podem funcionar para quem quiser criar um viral na campanha, jogando limpo e mostrando a opinião?
Bruno diz: Diante da falta de iniciativa dos partidos em geral em lidar com esse ambiente digital de uma forma que chegue ao jovem na sua linguagem, eu acho que qualquer coisa com ar profissional, que tenha foco no que importa, seja sincero e que tenha algum fundamento na verdade tem potencial pra viralizar rápido. Um pouco de humor ajuda muito também.
Eu sinto que todos os spams sujos anti-Dilma tem um tom de filme de terror a la Regina Duarte. Eu gostaria de ver os virais pró-Dilma com um tom mais leve, objetivo e divertido.
Fonte: Revista Brasil Atual.
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