A matéria abaixo, do meu amigo acreano Altino Machado , produzida para o Terra Magazine, explicita de forma clara qual vai ser a decisão de Marina Silva neste segundo eleitoral.
Este blogue não tem dúvida de que ela defende uma posição de independência em relação às duas candidaturas que foram para o segundo turno. O que não significa que ela ou outros militantes não possam declarar seus votos. Mas ao que tudo indica ela não deve fazê-lo.
Se quiser manter seu projeto político em pé para futuros vôos. Este é de fato o caminho mais adequado para Marina. Não há como ela impor ao PV e ao grupo com o qual trabalhou o apoio irrestrito à candidatura Dilma.
O PT e os partidos aliados da candidatura Dilma deveriam comemorar essa que parece ser a decisão, que é excelente na atual conjuntura.
Segue a matéria
Dois amigos, dois familiares e dois assessores, portanto pessoas do círculo mais próximo da ex-candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, revelaram as tendências predominantes na definição de sua posição para o segundo turno.
Em conversas com a reportagem do Terra, sob o signo da discrição, eles delinearam um quadro geral de forças que terão participação na definição do “segundo voto” dos eleitores de Marina Silva.
Eis o resumo das conversas:
- Existe uma parcela pequena do PV que é egressa do PT, com o qual ainda mantém laços, disposta a apoiar Dilma Rousseff no segundo turno;
- A maioria do PV esteve coligada com o PSDB nos últimos anos em vários Estados, tendo uma enorme tendência a apoiar José Serra;
- Existe dentro do PV uma “grande quantidade” de pessoas que ingressaram no partido há menos de um ano, após a filiação de Marina Silva. É difícil dizer qual seria a tendência dessas pessoas, sendo que a maioria nunca teve filiação ou alinhamento partidário anterior;
- Marina Silva está propondo ao PV que as plenárias ou discussões para definir a posição do partido no segundo turno conte com a participação de movimentos e personalidades que não pertencem aos quadros do partido, mas que marcaram presença na campanha: o Movimento Marina Silva, que tem mais de 40 mil pessoas inscritas no seu site, lideranças sindicais, lideranças religiosas de diversos credos, além de artistas e intelectuais, alguns bastante conhecidos como Paulo Sandroni e Eduardo Gianetti;
- Num fórum ampliado de decisão, ficam mais diluídos os grupos de alinhamento pré-definidos e se pode fazer uma discussão que Marina Silva denomina de “mais programática do que pragmática”.
- Uma das possibilidades é que os verdes, partidários ou não, redijam um resumo da plataforma da campanha de Marina Silva e entregue tanto a Dilma Rousseff quanto a José Serra. Aos dois candidatos caberia dialogar diretamente com os eleitores de Marina Silva e convencê-los de sua sinceridade ao incorporar as novas diretrizes verdes às suas respectivas campanhas;
- O argumento: os eleitores de Marina Silva escutaram a candidata dizer durante todo o primeiro turno que nenhum candidato é dono dos votos, que o voto pertence ao eleitor e que este deve votar sem obedecer a tutelas. Marina Silva não se considera tutora dos quase 20 milhões de votos que obteve;
- Acrescente-se a isso o fato dela ter criado divergências explícitas tanto com Serra quanto com Dilma, a quem considera muito parecidos, a ponto de ter declarado que sua candidatura não constituía, como alguns analistas afirmavam, uma “terceira via”, mas uma segunda por considerar o tucano e a petista como “a mesma via do desenvolvimentismo sem sustentabilidade”;
- Nessa visão, prevalece a frase dita por Pedro Agostinho, de 83 anos, para quem a filha Marina Silva “não se junta” com um nem com outro, isto é, com Dilma ou Serra;
- Diante desse quadro, não será surpresa que os dirigentes do PV em vários estados se juntem com Serra ou Dilma, mas engana-se quem imaginar que possam transferir votos. Portanto, considera-se uma ilusão que os dirigentes do partido sejam donos de um espólio muito maior do que tudo que a legenda alcançou até hoje em eleições anteriores;
- Se é possível uma comparação, é como dizer que o PT seja dono da popularidade de Lula ou considerar que Lula tenha total controle de transferencia de seus votos aos candidatos que apóia. A própria eleição tratou de deixar evidente que nada disso é verdade.
Fonte:Blog do Rovai.
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