quarta-feira, 26 de março de 2014

POLÍTICA - A volta do Macartismo.

A retórica anticomunista no Brasil deu mais um passo rumo ao futuro: chegamos ao macartismo



 
Há 50 anos, John Kennedy era assassinado em Dallas com um tiro na cabeça que espalhou massa encefálica na limusine que o transportava com a primeira-dama. Um dia antes da visita, uma organização de extrema direita espalhou fliers pela cidade contendo acusações do que chamava de traição.
Uma investigação chegou aos autores: um grupo chefiado pelo general Edwin A. Walker, veterano da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia. Walker foi forçado, mais tarde, a renunciar ao posto por causa de uma lei que proibia funcionários federais de se engajar em atividades políticas com dinheiro público. Os panfletos eram distribuídos em parabrisas de carros e bancas de jornais.
A retórica é conspiratória, com um teor religioso, francamente ensandecida. Ou seja, para nós, absolutamente familiar e atual. A prisão de Genoino e Dirceu fez com que o nível já baixo das tropas anticomunistas brasileiras descesse mais alguns degraus.
Trechos do flier diziam o seguinte:
Ele está cedendo a soberania para os comunistas controlados pelas Nações Unidas.
Ele está traindo nossos amigos e se aproximando de nossos inimigos. 
Ele está dando apoio e encorajando protestos inspirados por comunistas. 
Ele foi pilhado contando MENTIRAS fantásticas.
Os clichês são os mesmos, mudando apenas os personagens e a época. Em meio século, é mais ou menos espantoso que a conversa ultraconservadora não tenha evoluído ao menos para um plano um pouco distante da paranóia da Guerra Fria.
Não convencem ninguém. Pegam os mesmos suspeitos de sempre. Mas berram cada vez com mais histeria. O ex-humorista Danilo Gentili resolveu dar um passo além e desenterrou, agora, o macartismo que existe nele. “Tem hora que você precisa chamar as coisas pelo nome”, escreveu em sua prosa sofrível. Continua:
Separe esse momento para identificar os que estão contra você. Se informe sobre todos artistas, intelectuais, jornalistas, revistas, blogueiros, militantes e políticos que estão nesse exato momento defendendo esses criminosos e mandando mensagem de apoio pra eles – guarde esses nomes. Não confie neles. 
“Naming names” era um dos pilares da doutrina do senador Joseph McCarthy, que pregava a deduragem geral e irrestrita de “elementos vermelhos”.
O resultado dessa arenga psicótica? A última pesquisa Ibope, divulgada hoje, dá vitória a Dilma no primeiro turno em 2014.
Quer dizer, a coisa só tende a piorar.

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