sexta-feira, 7 de março de 2014

INTERNET - Manipulação da Internet

Como os governos ocidentais manipulam a internet

Por Glenn Greenwald

Uma das histórias urgentes que falta contar, a partir dos arquivos de Edward Snowden, é como as agências de inteligência ocidentais estão agindo para manipular e controlar as narrativas online, com táticas extremas de construção de versões e destruição de reputações. É hora de contar um pouco desta história, e de apresentar os documentos que demonstram sua existência.

Nas últimas semanas, trabalhei com a NBC News para publicar uma série de artigo sobre as “táticas sujas”empregadas pelo JTRIG (Grupo de Inteligência Conjunto para Pesquisa de Ameaças), uma unidade até há pouco secreta dos serviços de inteligência britânicos (Quartel-General de Comunicações do Governo, ou GCHQ, em inglês).
Os textos baseiam-se em quatro documentos apresentados à Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA) e aos três outros serviços parceiros [da Austrália, Canadá e Nova Zelândia], que integram a aliança “Five Eyes”. Agora, estamos publicando na íntegra, na Intercept, um novo documento do JTRIG document, intitulado “A arte da Manipulação: Capacitar-se para Operações Online Encobertas.”
Ao publicar estas histórias, uma por uma, nossa reportagem para a NBC destacou algumas das revelações-chave: o monitoramento do YouTube e Blogger; o ataque ao grupo Anonymous, com o mesmo tipo de ataques DDoS que os “hacktivistas” são acusados de praticar; o uso de “ciladas de mel” (honey traps), que implicam atrair pessoas para situações comprometedoras, usando sexo; o emprego de vírus destrutivos. Mas agora, quero focar e elaborar sobre o ponto mais importante revelado por todos estes documentos. Estas agências estão agindo para controlar, infiltrar, manipular e distorcer as narrativas online. Ao fazê-lo, estão atentando contra a própria integridade da internet.
Ente aquilo que chama de seus objetivos centrais, o JTRIG identifica duas táticas: (1) introduzir todo tipo de material falso na internet, para destruir a reputação de seus alvos; e (2) usar as ciências sociais e outras técnicas para manipular as narrativas e o ativismo online, gerando os efeitos políticos que a agência considera desejáveis. Para compreender como estes programas são extremos, basta considerar as táticas que eles vangloriam-se de empregar: “operações de bandeira falsa” (false flag operations –postar material na internet e atribuí-lo falsamente a terceiros); postagens em blog para vitimização falsa (fake victim blog posts – fingir-se de vítima de um indivíduo cuja reputação se quer destruir), e várias formas de postagem de “informação negativa”. Eis uma lista ilustrativa das táticas elencadas no último documento do GCHQ, que publicamos.
Tradução Antonio Martins e Vila Vudu

Fonte: The Intercept, Brasil 247

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