O tempo de Joaquim Barbosa acabou. Virou um zumbi, à procura da velha capa de herói

  Autor: Fernando Brito
saida
 
Reflitam comigo, caros amigos e argutas amigas.
Se você for atingido por uma reportagem cujo “texto  é repleto de erros factuais, construções imaginárias e preconceituosas, além de  sérias acusações contra” a sua pessoa no dia 7, vai esperar até o dia 25 para escrever uma carta contestando a matéria?
Pois foi exatamente assim que ele fez hoje a propósito da “espetacular reportagem” de Diego Escosteguy – que se revelou não apenas falsa como elaborada com extrema perfídia – publicada naquela data.
Vou deixar de lado qualquer comentário sobre Escosteguy, que abaixou as orelhas e não contestou o cenário de estelionato jornalístico descrito por Barbosa, pela sua desimportância. Serve, apenas, como parâmetro de julgamento sobre tudo o que escreve o rapaz.
E, ainda, para rir muito da circunstanciada descrição que Escosteguy faz das relações pessoais entre Barbosa e Celso de Mello nos anos 90, quando nem sequer se conheciam.
O importante é o que faz o (ainda) Presidente do Supremo Tribunal Federal, desde o uivo de dor que soltou na sessão final do julgamento dos embargos infringentes dos acusados do chamado mensalão.
Há conteúdo nos seus gestos, depois disso.
Primeiro, negar peremptoriamente qualquer intenção de candidatura em 2014, o que nunca tinha feito, deixando sempre no ar a possibilidade de concorrer, mesmo que não fosse a Presidente.
Depois, o processo contra Ricardo Noblat e, agora, a carta desmoralizante à Época, ambos, aliás, ligados ao Império Globo.
Do qual não recebeu o apoio que, talvez, esperasse na sua “denúncia” de que a Corte estaria dominada por uma “maioria sob medida” animada de uma “sanha reformadora” das decisões que ele,  sob os aplausos da Globo, conduzira como relator.
Nem mesmo seu colega de capa, Merval Pereira, saltou em resoluta defesa.
Barbosa está, definitivamente, numa maré baixa.
A decisão do Tribunal de Justiça de Brasília de afastar o juiz que ele, indiretamente, levara à condição semelhante à de “chefe da carceragem” de José Dirceu – porque o magistrado,rebento de um ex-deputado tucano resolveu, num atropelo, interpelar sem muitos modos o Governador do Distrito Federal, sobre o qual não tem jurisdição – mostra que já não há o temor reverencial que tinha nos bons tempos de “Batman”.
As suas reações, pontiagudas e não raro grosseiras, são, entretanto, frutos de seus pensamentos torcidos pela vaidade autoritária.
Não saem, apenas; saem na forma que deseja e no momento que delibera, como prova a carta tardia à Época.
Onde quer chegar, o dom de adivinhar não  tenho.
Mas ele tem um projeto,  ainda que este possa ser, neste momento, o de retirar-se, rugindo, feito – com a licença de Roberto Carlos – fera ferida.
Sei apenas que a solidão é um lugar pequeno demais para seu ego.