quinta-feira, 27 de abril de 2017

POLÍTICA - É o "dá ou desce" trabalhista.

 
Jornal GGN - O líder da Maioria e do PMDB, Renan Calheiros (AL), não economizou críticas a mais uma das propostas do mandatário Michel Temer. Sobre a Reforma Trabalhista aprovada pela Câmara nesta quarta-feira (26) e que hoje, às vésperas da Greve Geral, foi levada ao Senado disse que "é uma chantagem explícita" que o presidente quer empurrar "goela abaixo" para a retirada dos direitos dos trabalhadores. "É o ‘dá ou desce’ trabalhista", resumiu, em duro discurso.
 
"A próxima segunda-feira, 1o de maio, o Brasil precisa dizer alguma coisa aos seus trabalhadores", introduziu Renan, em ironia, no Plenário do Senado. "E não é, senhores senadores e senhoras senadoras, da melhor tradição o Presidente da República não falar aos trabalhadores", seguiu.
 
Em críticas à gestão Temer, o senador que hoje representa o partido do presidente da República no Senado disse que vivemos "um momento de angústia e crueldade". E, nesse cenário, "não é normal que o presidente da República deixe de falar e empurre goela abaixo dos trabalhadores uma retirada de direitos", completou.
 
Em mais um sinal de forte dissidência do parlamentar e representante no Congresso contra a governabilidade de Michel Temer, em cerca de 10 minutos, o peemedebista criticou a tentativa de que "o acordado se sobreponha ao que está na lei", ao fazer referências aos intentos de mudanças na legislação trabalhista. 
 
 
Renan disse que o texto aprovado na Câmara induz os assalariados a renunciar ao FGTS, horas extras e férias remuneradas, para se tornarem pessoa jurídicas. E demonstrando a forte crise que o mandatário precisará enfrentar na Casa Legislativa, convocou o Senado a barrar a Reforma Trabalhista, um dia antes das manifestações esperadas para esta sexta-feira (28).
 
O parlamentar lembrou que criticou duramente o projeto de terceirização irrestrita do trabalho nas empresas, ainda quando ocupava a Presidência do Senado, e a discordância da reforma na Previdência - "uma reforma feita à revelia geral, por isso as suas dificuldades", caracterizou.
 
"Eu, sinceramente, não acredito que essa reforma [da Previdência] saia da Câmara e chegue no Senado Federal. Reforma de ouvidos poucos, sem consultar opiniões, que só interessa a Banca, ao sistema financeiro, rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população", lembrou. "Reforma tão mal feita que chega a coagir e constranger a base do próprio governo e que, por isso, vai e volta de recuo em recuo", afirmou.
 
"O Brasil merece um Primeiro de Maio de luta, de respeito às conquistas históricas do seu povo. Quero ajudar o Brasil, que não aceita o retrocesso e o meu Estado de Alagoas que rejeita ser castigado com a reforma que se pretende realizar", concluiu.
 
Também no Plenário, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) criticou o projeto que chega ao Senado e disse que a proposta vai alterar mais de cem artigos da Consolidação das Leis do Trabalho e reprovou a tentativa de sobrepor negociações com patrões à legislação.
 
 
"Isso é mesma coisa que exigir uma negociação com quem está com o pescoço na forca. Em momentos de recessão da economia, em momentos de desemprego, pior ainda, porque se o trabalhador que está empregado não aceita aquela negociação, ao lado dele tem centenas e milhares de desempregados, que se sujeitam a qualquer situação para ganhar um posto no mercado de trabalho", defendeu a parlamentar.
 
Roberto Requião (PB), também do PMDB, foi mais direto nas convocações: chamou os trabalhadores brasileiros a participarem da greve geral marcada para esta sexta-feira (28). Disse que é hora de o povo mostrar sua insatisfação a "esse absurdo que só serve ao mercado financeiro e à concentração de renda".
 
 
"Para Brasil! Para com força e de verdade a fim de dizer 'não' a essa política estúpida e irracional comandada pelos interesses do capital financeiro e não do povo brasileiro", exclamou o senador. E questionou: "É de se perguntar, diante de tanta rejeição, por que o governo Temer confronta a totalidade da opinião pública brasileira ao insistir em uma reforma da Previdência absolutamente impopular, sem qualquer evidência e eficácia financeira para socorrer os combalidos cofres públicos?".
 
Também nesta quinta, a senadora Regina Sousa (PT-PI) lembrou que hoje se comemora o Dia dos Trabalhadores Domésticos, lamentou que 92% dos trabalhadores da categoria ainda sejam mulheres negras e lamentou: "Tudo o que foi dado com uma mão está sendo tirado com a outra, nessa reforma que estão propondo aí para os trabalhadores e as trabalhadoras desse país".

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