sexta-feira, 21 de abril de 2017

POLÍTICA - A Lava Jato ajudou Lula?



A Lava Jato ajudou Lula?



O 3 de maio, em Curitiba, data da audiência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante do juiz Sergio Moro, será o primeiro encontro cara-a-cara entre aquele que seria o próximo presidente da República, se as eleições fossem hoje, e o único que parece capaz de impedi-lo, certo?
Em termos. A mais recente pesquisa Ibope, divulgada nesta semana, trouxe dados surpreendentes. Paradoxalmente, a Operação Lava Jato, conduzida por Moro, fortaleceu o ex-presidente Lula na corrida eleitoral. Isso porque, se antes ele apanhava sozinho, agora passou a dividir chumbo com seus principais adversários, também atingidos pelas delações da Odebrecht.
De acordo com o Ibope, pela primeira vez desde 2015, os eleitores que dizem que votariam nele com certeza (30%) ou que poderiam votar (17%) se equivalem aos que não votariam de jeito nenhum (51%), considerada a margem de erro. Além disso, nos últimos doze meses, a rejeição a Lula caiu 14 pontos. Enquanto isso, a soma dos que votariam com certeza ou poderiam votar em Aécio Neves despencou de 41% para 22%. O potencial de José Serra caiu de 32% para 25%, e o de Geraldo Alckmin foi de 29% para 22%. Os três tucanos têm aparecem na pesquisa com taxas de rejeição superiores à de Lula: 62%, 58% e 54%, respectivamente. No PSDB, o único que tem rejeição inferior à do ex-presidente é o prefeito João Doria, com 36% – o que o fortalece na disputa interna.
Outro instituto, o Vox Populi, também realizou sua pesquisa, contratada pela Central Única dos Trabalhadores, que mostrou Lula com 44% dos votos válidos, contra 35% de todos os adversários somados. Ou seja: ele venceria em primeiro turno. Nas simulações de um eventual segundo turno, ele também ganharia com folga. A favor de Lula, pesam três fatores: a lembrança dos bons ventos econômicos em seus governos, a impopularidade de Michel Temer e suas reformas e, finalmente, a própria Lava Jato, que mostrou o apodrecimento de todo o sistema político brasileiro – e não de apenas parte dele.
Lula, em tese, ainda pode ser inviabilizado por uma dupla condenação judicial, em primeira e segunda instâncias, que o tornaria ficha-suja. Mas seria uma manobra extremamente arriscada por um país que passou por um processo de impeachment traumático e amplamente contestado, que, como disse Temer numa entrevista à televisão, só ocorreu porque Dilma Rousseff não garantiu os três votos do PT no conselho de ética da Câmara dos Deputados ao ex-deputado Eduardo Cunha, hoje condenado a 15 anos e quatro meses de prisão. O desafio da direita brasileira, portanto, hoje parece ser muito maior do que antes do impeachment: encontrar meios de vencer Lula nas urnas.

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