Quem lucra com o garimpo ilegal na TI Yanomami? Desde 2021, quando lançamos o especial Ouro do Sangue Yanomami, acompanhamos os caminhos percorridos pelo ouro extraído ilegalmente destes territórios. Publicamos nesta sexta-feira (3) um levantamento exclusivo que mostra quem mais lucra com esse crime: empresas com faturamentos milionários e sede em bairros nobres da capital paulista.
Parte delas é alvo na Justiça não somente por comprar de garimpeiros clandestinos, mas por participar de um esquema que pode ter legalizado, em 2019 e 2020, mais de 4 toneladas de ouro ilegal de várias terras indígenas da Amazônia, de acordo com o Ministério Público Federal.
E por falar em "seguir o dinheiro", investigamos no ano passado como o garimpo ilegal afeta outras terras indígenas na Amazônia. No Pará, por exemplo, ouro extraído ilegalmente dos Kayapó passa por intermediários até chegar a uma empresa italiana que fatura R$ 18 bilhões e que é parceira da maior fabricante de alianças no país. Essa refinaria italiana, juntamente outra brasileira, compram de fornecedores suspeitos de envolvimento no garimpo e vendem para grandes marcas internacionais, inclusive as quatro empresas mais valiosas do mundo: Apple, Google, Microsoft e Amazon, conforme revelamos com exclusividade em julho do ano passado. Ou seja: ouro com sangue indígena provavelmente está nos filamentos eletrônicos do seu celular e do seu notebook. Tem chances de estar, inclusive, na sua aliança de casamento.
Na mesma estratégia investigativa, mas em outro setor, nos debruçamos sobre as táticas de financiamento dos atos antidemocráticos ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro e nos acampamentos montados desde o resultado do segundo turno das eleições. Em uma das reportagens, mostramos que o PIX de uma loja de informática em Xinguara, no sul do Pará, era divulgado por fazendeiros da região para arrecadar verbas para os atos golpistas.
Além disso, publicamos uma reportagem que mostra a ação de Albert Mascarenhas, que filmou a própria atuação e instigou golpistas a avançarem rumo ao Congresso. O engenheiro é filho de um dos sócios da construtora Meirelles Mascarenhas, que abocanhou contratos milionários nos últimos anos e é investigada por suspeita de crime ambiental e superfaturamento.
Após algum tempo de investigação, chegamos ao perfil do grupo mobilizado na tentativa do desfecho contrário à democracia. Pecuaristas, garimpeiros e políticos aparecem nas redes sociais pedindo intervenção e convocando seguidores de Bolsonaro para protestos golpistas em Marabá (PA) e Brasília (DF); reduto de grupo, Sul do Pará é marcado por desmatamento e garimpo ilegal. |
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