Luanda, 8 set (EFE) - A Missão de Observação Eleitoral da União Européia (EUEOM) disse hoje em Luanda que as eleições legislativas realizadas na sexta-feira em Angola - as primeiras em 16 anos- foram livres, transparentes e transcorreram sem violência ou intimidação.
"As eleições foram transparentes, o povo votou livremente e não vimos nenhum ato de violência ou intimidação", disse na capital angolana a chefe dos observadores da UE, a italiana Luisa Morgantini, na apresentação à imprensa de um relatório preliminar da EUEOM sobre este pleito.
A missão deve publicar seu relatório final em um prazo de dois meses.
O documento apresentado hoje critica, no entanto, os erros de organização da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que obrigaram 320 colégios eleitorais a abrir novamente no sábado a fim de que os eleitores que não conseguiram votar no dia anterior fizessem isso.
"Angola consolidou seu compromisso com a paz e deu um passo à frente para fortalecer a democracia com um alto percentual de eleitores e um processo eleitoral em calma", de acordo com o relatório da EUEOM.
"No entanto, (o pleito) evidenciou fragilidades organizacionais, inconsistências dos procedimentos no dia da votação e um campo desigual para os (partidos) participantes", afirmou.
Um total de 2.254 centros de votação devia funcionar na sexta-feira em Luanda, mas apenas 1.934 abriram, enquanto outros só começaram a funcionar horas depois do horário marcado para o início do pleito.
Houve problemas como falta de cédulas, urnas e outros materiais eleitorais, enquanto alguns colégios eleitorais não tinham sequer a lista das pessoas que poderiam votar.
Luanda e a província de mesmo nome possuem quase 21% dos 8,3 milhões de angolanos cadastrados no censo eleitoral para este pleito e a votação foi retomada no sábado depois que vários partidos da oposição disseram que a situação na sexta-feira nesta capital era "caótica".
A oposição denunciou também o favoritismo da imprensa estatal para com o governista Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que teria recebido a maior cobertura durante a campanha eleitoral, especialmente em Luanda.
A União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), o principal partido da oposição, se queixou ainda de que o MPLA recebeu mais fundos para a campanha que as demais organizações políticas.
Os dez partidos e as quatro coalizões políticas que concorreram no pleito legislativo receberam cada um US$ 1,2 milhão para financiar suas campanhas, mas, segundo um documento apresentado pela Unita, o MPLA recebeu US$ 42,9 milhões extras do Banco de Desenvolvimento de Angola.
Enquanto isso, na sexta atualização de resultados parciais da votação, a CNE informou hoje que, com quase 75% da apuração concluída, o MPLA continua à frente, com 3.938.136 votos, contra 505.389 votos para a Unita e 150.863 votos do Partido de Renovação Social, em terceiro. EFE
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