João Ricardo Gonçalves
Rio - A campanha para as eleições presidenciais dos EUA, marcadas para novembro, está tão movimentada que até votos de americanos que moram no Brasil estão mais visados que nunca. Mesmo sem distribuir santinhos e material de campanha, representações de republicanos e democratas têm tentado convencer compatriotas participando de eventos e debates onde defenderão John McCain e Barack Obama, no Rio e em São Paulo.
O esforço tem caráter inédito: em São Paulo, a representação brasileira do Partido Democrata, por exemplo, foi oficializada junto à agremiação dos EUA este ano. Uma “filial” no Rio também começa a ganhar corpo. Já os republicanos, pelo menos por enquanto, se concentram apenas em São Paulo. Além de defenderem, quando convidados, as idéias de seus candidatos, as versões brasileiras dos partidos dos EUA também lutam juntas para incentivar o voto de americanos que vivem no Brasil.
“São as primeiras eleições em que há um foco real, especialmente por parte de Obama, em quem vive no estrangeiro. Nosso partido disponibilizou site que ajuda as pessoas a se cadastrarem e há um link no próprio site de Obama sobre o assunto”, explica o representante no Rio do ‘Democrats Abroad’ (‘Democratas no Exterior’), Steve Spencer, que deve participar de debate na cidade mês que vem com republicanos.
Ambos os partidos fazem questão de defender seus candidatos mesmo a milhares de quilômetros de seus países. Tanto republicanos como democratas julgam que seus representantes irão favorecer a relação de seu país com o Brasil.
“Nunca houve concorrência sobre esse assunto. Ao contrário de Obama, McCain já visitou o Brasil, vai eliminar subsídios agrícolas e abrir o mercado para produtos brasileiros. Já Obama deve manter a tarifa punitiva ao etanol brasileiro”, diz o coordenador do ‘Republicans abroad’ (Republicanos no Exterior). Ele cita ainda uma maior atenção de McCain às suspeitas de terrorismo na Tríplice Fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina.
Já Patricia Ferrari, líder dos ‘Democrats Abroad’ no Brasil, defende Obama: “Ele está buscando diálogo com outras nações, mudando assim o jeito que os EUA são vistos. McCain já viveu no exterior, mas em bases militares. Já Obama sabe realmente como as outras nações veêm os EUA e aprendeu a trabalhar com elas”.
Votos vão pelo correio para os EUA
Apesar da animação dos principais correligionários no Brasil, a movimentação ainda é tímida, já que os americanos que vivem no País não têm acesso a cadastros para localizar seus compatriotas. Alguns ainda temem supostas restrições legais para a promoção de candidatos estrangeiros aqui.
Para piorar, ao contrário do que ocorre com outros países, como França e Itália, que recebem eleitores em seus respectivos consulados, os votos americanos são enviados por correio, e são contabilizados para os estados de origem do eleitor. O prazo para registro de quem quer votar também varia de estado para estado. Muitos só o aceitam apenas até 30 dias antes das eleições.
Os partidários não sabem nem quantos eleitores teriam e têm várias táticas para localizá-los. “Fazemos eventos, como reuniões em escolas e festas, para tentar encontrar eleitores. Quando ouvimos pessoas falando inglês, tentamos saber se são eleitores”, explica a democrata Patrícia Ferrari.
“Tento estimular o voto de meus compatriotas independentemente da opção partidária. Quando sou consultado, defendo as idéias de McCain”, diz o republicano Kevin Ivers.
Fonte: Jornal "O DIA".
Nenhum comentário:
Postar um comentário