terça-feira, 5 de outubro de 2010

PARA A COMPANHEIRA DILMA.

Rose Nogueira

Conheci Dilma Roussef num dos mais profundos momentos da minha vida e da dela, além de umas 60 companheiras. Algumas chegaram, outras sairam e muitas continuaram presas. O momento era grave. Estávamos no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ali conheci as pessoas mais extraordinárias da minha vida. Foi no ano de 1970. Jamais esqueci ou poderei esquecer-me delas.

PARA A COMPANHEIRA DILMA

Era mais jovem e ensinava a cantar.
Era mais moça e encantava com tanta lógica,
Como se fosse lógico encantar.

Era menina e enxergava lá longe.
(Tinha a vantagem de ser mais alta, é verdade)
Mas sabia olhar, sabia pra onde.

Essa Dilma boa, a Dilma nossa
É a mesma garota do bordado colorido
onde a professora dona Ivone ensinava que cada mágoa se amarra em cada nó.
Assim fazem as mulheres.

Dilma continua seu trabalho delicado
Vai fazer tudo em ponto alto e caseado
Pra não deixar aquele pano desfiar
Põe verde de esperança aqui, vermelho de tijolo lá
Cria ponte, une caminho, bota o Brasil pra funcionar.

E eu, aqui, que sou só mãe, poeta e jornalista,
Por profissão olhando o mundo e registrando,
Sei que essa vida foi, sim, uma conquista
ponto por ponto, do país de tantos nós,
que não será como antes depois dela.


Rose Nogueira é jornalista e membro do grupo Tortura Nunca Mais.

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