Por Altamiro Borges
Começa hoje, dia 18, a primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do governo de Dilma Rousseff. Os chamados “agentes do mercado”, nome fantasia que a mídia dá aos agiotas financeiros, já dão como certo um novo aumento da taxa básica de juros. A aposta dos especuladores é de que a Selic subirá 0,5% - elevando a taxa dos atuais 10,75% para 11,25%, uma das mais altas do planeta. A presidenta, que prometeu lutar pela redução dos juros, talvez sofra a sua primeira derrota já nesta semana.
A pressão do “deus-mercado”, que tem a mídia como o seu principal porta-voz, é violenta e barulhenta. Miriam Leitão, a colunista das Organizações Globo que mantém estranha relação com o capital financeiro, defende todo santo dia a urgência da elevação da Selic para combater a inevitável volta da inflação – o fantasma usado para assustar os incautos. “Todo mundo está achando que é necessário subir a taxa de juros”, afirmou a jornalista em seu comentário de ontem na rádio CBN, também da família Marinho.
Receita amarga dos neoliberais
Os banqueiros, rentistas e especuladores, meia dúzia de agiotas, acham que falam em nome de “todo mundo” e ainda tentam botar pressão sobre o governo. A elevação dos juros, afirmam, é inapelável - dane-se a dívida pública, o crédito, a produção e a geração de emprego e renda. Dane-se o Brasil! O Copom só não aumentará a Selic, diz a colunista da TV Globo, se o Banco Central perder a sua autonomia, como se este organismo se sobrepusesse ao governo eleito democraticamente pelos brasileiros.
A oligarquia financeira não vacila em defender os seus interesses. Ela quer sangue. Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco, propõe três aumentos seguidos de 0,5% da Selic para “desacelerar a economia”. Além do aumento dos juros, os banqueiros e sua mídia exigem forte aperto fiscal. Pregam um corte de R$ 40 a R$ 60 bilhões no orçamento. Miriam Leitão critica os “aumentos estapafúrdios de gastos no governo Lula”. Eles nada falam sobre os efeitos maléficos desta receita amarga, neoliberal.
Causa das mortes nas enchentes
Como observa a organização Auditoria Cidadã da Dívida, enquanto o “deus-mercado” exige aumento dos juros e cortes de gastos públicos, a população mais pobre sofre com as moradias precárias e a ausência de infra-estrutura básica. As tragédias das chuvas no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais confirmam a ganância dos rentistas, que aumentam suas riquezas com a especulação financeira. “Cortam-se os gastos sociais para que se continue gastando sem limite com o setor financeiro”.
“Enquanto o governo insiste na infindável tentativa de obter a credibilidade do mercado – que é insaciável – o povo sofre as conseqüências da falta de gastos sociais”. A entidade lembra que o déficit habitacional brasileiro é de cerca de 8 milhões de casas, sem contar os 11 milhões de domicílios inadequados. O programa “Minha Casa Minha Vida” entregou, até o fim de 2010, um número de casas equivalente a apenas 3% do déficit. “Enquanto pessoas morrem nas áreas de risco, não há limite algum para os gastos com a dívida pública, que paga os maiores juros do mundo”.
Fonte: Blog do Miro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário