domingo, 30 de janeiro de 2011

POLÍTICA - Furnas: "Cabeças vão rolar".

Dilma manda avisar pessoal de Furnas que "cabeças vão rolar"

Irritada com a disputa política em torno de Furnas Centrais Elétricas, a presidente Dilma Rousseff passou boa parte da tarde de sexta-feira em São Paulo discutindo o problema com o ministro Antonio Palocci (Casa Civil). Segundo o "Painel" da Folha, na próxima semana, a troca de comando na estatal deve ser sacramentada, com tendência de mudança de toda a diretoria.

O governo avisou o PMDB que não aceitará indicações do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ostenta forte influência em Furnas.

O atual presidente de Furnas, Carlos Nadalutti, foi indicado pelo deputado Eduardo Cunha, que quer manter o controle da estatal. Petistas começaram a atuar nos bastidores para minar o domínio de Cunha. A origem da disputa entre integrantes dos dois partidos foi um dossiê preparado por funcionários de carreira de Furnas e levado ao ministro de Relações Institucionais, o petista Luiz Sérgio, na semana passada, pelo secretário de Habitação do Rio, Jorge Bittar (PT).

No documento, funcionários denunciam o aparelhamento da estatal e desvios administrativos, segundo eles patrocinados por Cunha. O peemedebista reagiu e atacou, no Twitter, a "incompetência" dos diretores de Furnas ligados ao PT.

Ainda ontem, o vice-presidente da República, Michel Temer, repreendeu "a briga lamentavelmente ácida" entre peemedebistas e petistas pelo comando de Furnas. Em entrevista à TV Estadão, em seu escritório de São Paulo, Temer afirmou que caberá ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), levar à presidente Dilma três ou quatro nomes do partido com perfil técnico para que ela faça a escolha do novo presidente da estatal. "No tocante a Furnas eu devo dizer que é muito inconveniente essa disputa entre membros do PT e do PMDB. É uma briga lamentavelmente ácida. Você pode brigar por espaço, mas de uma forma adequada. Tenho criticado essa disputa", disse.

Já foram discutidas várias opções de nomes para comandar a estatal. Entre eles o de Flávio Decat, homem de confiança de Dilma e até então cotado para a Eletrobras.

Outra sugestão posta à mesa da presidente foi a de mover Rossano Maranhão, ex-presidente do Banco do Brasil e hoje no Banco Safra, para o setor elétrico.

Acusações

Em público, a presidente evitou polemizar ao ser questionada sobre as denúncias de suposto favorecimento a uma empresa ligada ao deputado Eduardo Cunha em transações de Furnas. Dilma, que participou de um encontro com governadores no Rio Grande do Sul, disse defender a apuração de qualquer acusação.

“É um critério nosso apurar todas as acusações, mas é preciso ter elementos bem configurados. Nós devemos apurar o que foi acusado e o que foi divulgado", disse Dilma. A presidenta, entretanto, procurou amenizar as denúncias envolvendo o deputado aliado. "Isso não é atual. Acho que a CGU já tinha, inclusive, iniciado um levantamento nesse sentido. O que for dito de parte a parte será apurado.”

“O que tiver de ser apurado será apurado”. Sem se aprofundar no assunto e desviando de qualquer crítica ao deputado aliado, Dilma afirmou que o governo defende que as informações levantadas sejam devidamente investigadas.

A acusações que pesam sobre Cunha referem-se a reportagem divulgada pelo jornal O Globo, apontando que Furnas teria aberto mão do direito de comprar um lote de ações da empresa Oliveira Trust Servicer para, oito meses depois, pagar pelos mesmos papéis R$ 73 milhões acima do valor original.

O negócio, de acordo com o jornal, teria ocorrido entre dezembro 2007 e julho de 2008, favorecendo a Companhia Energética Serra da Carioca II, que pertence ao grupo Gallway. A empresa é relacionada ao ex-presidente do Cedae Lutero de Castro Cardoso e ao doleiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos nomes relacionados a Eduardo Cunha, a quem é atribuída também a indicação do então presidente de Furnas, Luiz Paulo Conde.

Com agências

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