terça-feira, 21 de outubro de 2014

POLÍTICA - Dilma volta a ser favorita.

A apenas cinco dias das eleições, mudou tudo de novo: nas pesquisas Datafolha e Vox Populi divulgadas na noite desta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff bate Aécio Neves por 52% a 48% dos votos válidos, um empate técnico no limite da margem de erro, invertendo as curvas da semana passada. E a presidente volta a ser favorita para conquistar a reeleição no próximo domingo.
Minha análise sobre as novas pesquisas está neste link do Jornal da Record News, em conversa com Heródoto Barbeiro, logo após a sua divulgação:
Volto ao assunto no final deste texto. Antes, gostaria de me dirigir diretamente aos leitores do Balaio para comentar o que aconteceu aqui no nosso blog nestes últimos belicosos dias da mais beligerante campanha eleitoral que já acompanhei.
Advertência necessária
Cuidado, você pode não gostar do que vai ler.
Aos que me acusam de a cada dia mudar de posição e escrever uma coisa diferente, conforme meu humor, depois de já ter previsto o favoritismo de Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves em diferentes momentos, conforme as pesquisas, esclareço que estranho seria se fosse o contrário.
Se nada mudasse no cenário eleitoral, não precisaria atualizar este blog todos os dias, de domingo a domingo, o que me dá um trabalho danado. Poderia, simplesmente, deixar no ar o primeiro texto que escrevi sobre a campanha eleitoral, ainda no ano passado, e ir para a praia.
No final de tudo, apenas publicaria o resultado apurado nas urnas, sem medo de errar. Eu nunca mudei de posição nem de lado, desde que voltamos a ter eleições diretas para presidência da República, há exatos 25 anos. Sempre votei no mesmo partido, como sabem os leitores e o distinto público. Quem muda são as pesquisas, os fatos, é a realidade da campanha, do quadro eleitoral. Se alguém ainda tiver alguma dúvida, pode procurar nos arquivos deste blog ou no Google.
Um antigo repórter esportivo, nos anos 60 do século passado, ao comentar um jogo em que o São Paulo perdeu da Portuguesa, só escreveu sobre o time derrotado, e quase nada sobre o vencedor.
Este repórter fui eu.
De lá para cá, procurei separar o jornalista do torcedor, não só no futebol como em tudo na vida, incluindo aí a política. Às vezes, consigo; noutras, não. Coisas da vida, já que, apesar de todos os avanços da eletrônica neste período, ainda não consegui comprar um robô para escrever por mim.
Leitores/eleitores mais engajados e radicalizados, de um lado e de outro, estão confundindo cobertura jornalística de campanha eleitoral com propaganda eleitoral gratuita, tratando este espaço democrático oferecido pela internet como se fosse porta de banheiro de boteco.
Por mais que defenda a liberdade de expressão de todos, aqui ninguém vai me chamar de moleque nem me acusar de fazer propaganda enganosa. Não faço propaganda, nem enganosa, nem virtuosa. Faço jornalismo. Tudo tem que ter um limite. É uma questão de respeito, que exijo para mim e para os demais leitores do Balaio.
Ninguém é obrigado a ler, muito menos a concordar com o que escrevo. Estão, portanto, desde já dispensados os que esperam que eu escreva o que eles querem ler aqui, de acordo com suas preferências partidárias.
Em mais de 50 anos de carreira, ninguém nunca me disse o que devo ou não escrever, como devo ou não pensar, o que devo ou não defender _ nem meus editores e chefes nos principais veículos da imprensa brasileira por onde já passei, nem minha mãe. Ou melhor: tentar, até já tentaram, mas nunca conseguiram.
E não seria aqui, neste espaço pessoal que divido com os leitores, onde sou o único responsável pelo que é ou deixa de ser publicado, que eu daria este direito a terceiros. Sem chance. Prefiro errar ou acertar sozinho.
***
Voltando aos fatos e aos números. De uma semana para outra, houve uma forte guinada nos índices de Dilma e Aécio, mas só no Datafolha, já que o Vox Populi, em seu levantamento anterior, já apontava dois pontos de vantagem para a presidente (51 a 49).
ok Dilma volta a ser favorita em nova virada
Em suas duas pesquisas sobre o segundo turno divulgadas na semana passada, tanto o Datafolha como o Ibope mostravam Aécio à frente de Dilma, exatamente com os mesmos números: também cravaram 51 a 49, só que no sentido inverso ao do Vox Populi, que foi o primeiro a apontar a vantagem da presidente. Nas várias outras pesquisas, a vitória de Aécio já era dada como certa, em levantamentos que eram reproduzidos na propaganda eleitoral do candidato.
Parece que o próprio tucano acreditou nisso, tanto que passou a se comportar nos debates com a soberba de presidente eleito, o que pode ter sido uma das razões de sua queda, não observada pelos analistas políticos que abundam na nossa imprensa.
Diante de tantas viradas nesta campanha, não vou me arriscar a analisar nem prever mais nada. Nem tenho a pretensão de achar, ao contrário de alguns leitores e muitos coleguinhas, que o que eu escrever vai dar ou tirar votos de algum dos candidatos. Aqui das arquibancadas, que é onde o repórter deve ficar, limito-me a ver o jogo e contar o que vi, sem influir no resultado.
Recomenda-se muita humildade e cabeça fria nesta hora porque o clima já está quente demais para o meu gosto. Eleição, por mais importante que seja, é apenas uma eleição. Como já dizia o grande Oscar Niemeyer, que também nunca mudou de lado, importante é a vida.
Vida que segue.

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