Nicolas Chernavsky
Com Lula e Dilma, o Brasil está virando um país de classe média
A
maioria dos eleitores e eleitoras se acostumou a pensar no Brasil como
um país pobre, já que de fato o foi por séculos; isso está mudando, e é
essa transformação do Brasil em um país de classe média que está em jogo
no domingo
21/10/2014
- No noticiário e na linguagem sobre questões internacionais, é muito
comum que se usem as expressões "países pobres" e "países ricos". É
verdade que os tais "países ricos", se forem olhados de perto, vê-se que
são países com uma enorme proporção de classe média, e pouca pobreza.
Ou seja, em relação a sua população, são países de classe média.
Portanto, questiono que o termo "país rico" seja usado para um país em
que a imensa maioria das pessoas é de classe média. Entretanto, não
questiono o termo "país pobre" para um país cuja maioria das pessoas é
pobre. O Brasil, ao longo de séculos, foi de fato um país pobre. O que
os governos Lula e Dilma estão fazendo com o Brasil é simplesmente
transformá-lo em um país de classe média. Quem sabe o Brasil não pode se
tornar o primeiro país a se assumir como um "país de classe média"?
No
próximo domingo teremos eleições presidenciais no Brasil. A candidatura
Dilma é a candidatura do polo progressista, que vai continuar o
processo de transformação do Brasil de um país pobre em um país de
classe média. A candidatura Aécio é a candidatura do polo conservador,
que se vencer tende a interromper esse processo de transformação, com o
Brasil correndo o risco de não se tornar de fato um país de classe
média. É isso o que vamos decidir no domingo. Queremos viver em um país
pobre ou de classe média? Queremos andar pelo país e ver bairros sem
infraestrutura, com
esgoto a céu aberto e pessoas passando fome? Ou queremos andar pelo
país e ver a população morando em casas ou apartamentos de qualidade,
com comida na mesa? Queremos ir a aeroportos e só ver descendentes de
europeus? Ou queremos ir a aeroportos e ver descendentes de europeus, de
africanos e de povos pré-colombianos, entre outros? Queremos que uma
parte da população tenha carro e a maioria tenha um péssimo transporte
público? Ou queremos que todos tenham um bom transporte público e que o
carro seja só um complemento acessível a todos? Queremos o Brasil do
passado ou o Brasil do futuro? É nessa ponte que estamos agora. Vamos em
frente?
A
candidatura
Aécio tem como "argumentos" básicos o ódio ao PT e a qualquer entidade
que ajude o povo a se organizar, e a suposta capacidade de sedução do
candidato, que fala sem se prender à realidade concreta, e sim àquilo
que se adapta à fantasia que quer que os eleitores e eleitoras
acreditem. A candidatura Dilma tem como argumento básico que o processo
de grande melhora nas condições de vida do povo que ocorreu nos últimos
12 anos tem que continuar, com mais Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos,
Pró-Uni, Ciência sem Fronteiras, Brasil Sorridente, Farmácia Popular e
tantas outras iniciativas que melhoram a vida dos mais pobres e da
classe média, com o aumento do poder de compra dos salários, a redução
do desemprego e o crescimento da formalização da economia. É bom dizer
que os ricos em geral não perderam dinheiro nos governos Lula e Dilma, e
sua renda inclusive aumentou, mas aumentou menos que a dos pobres e da
classe média. Ou seja,
ficaram menos ricos em relação aos pobres e à classe média,
e é isso o que pode causar um certo incômodo nos setores mais
abastados. Mas é disso que se trata a mudança de padrão civilizatório
que estamos passando, de superar as estruturas arcaicas do Brasil como
país pobre para continuar conquistando o nosso Brasil de classe média.
Nenhum comentário:
Postar um comentário