O melhor da entrevista de Lula aos blogs
Foto: Renato Rovai |
Respondo na hora a quem me perguntar qual foi o ponto mais importante da entrevista de Lula a blogs e sites independentes, que terminou agorinha.
Foi poder falar o que ele quer falar, não o que querem que fale.
Alguém tem dúvida do que seria a “pauta-ditadura” se a coletiva fosse uma “convencional”, só com os jornalistas da grande imprensa?
Anotem aí: Bumlai, Cerveró, Zelotes, Lava Jato e por aí…
Todos claro, pontos abordáveis, mas, como brincou ele ao final, foram daquilo que o “filósofo” Vicentinho dizia: que o importante é o principal, o resto é “secundário””
Falando aos blogueiros e – com a transmissão ao vivo diante também da imprensa dita “convencional” – Lula escapou do tema e do “lead” combinado, que reduz suas declarações ao que a pauta da imprensa impõe.
Inverteu o jogo: ele produz as afirmações, a imprensa – “convencional”, inclusive – as reproduz.
É sempre, eu sei, inferior a uma boa entrevista, onde o entrevistador pode ajudar a tornar idéias mais claras e profundas.
Mas é possível hoje isso no Brasil, quando todos os jornalistas estão quase sob o controle – seja pelo emprego, seja pela reputação “de mercado” – do partido único da imprensa brasileira?
Se toda a discussão vai ficar centrada em comentar papeluchos de supostos delatores e procurar intrigas com Dilma? Evidente que divergências existem e foram expostas de forma clara e absolutamente respeitosa.
Então, o que acontece é o que se viu: os jornais publicando o que Lula quer falar, da maneira que quis falar e todo mundo pôde ver.
Sem poderem, como é praxe, “combinar” tacitamente o que – pela sua peneira – passaria como sendo aquilo que “Lula falou”.
É o caso de o ex-presidente pensar: porque não usar este recurso, que faria hoje o velho Brizola delirar com esta “Mayrink Veiga” cibernética de que se dispõe.
Porque não pensar, talvez, numa videocoluna semanal, disponibilizada via web, que milhares de sites e blogs, gratuitamente, reproduzir, circulariam pelos youtubes, facebooks e tuítes de milhões e que, por isso, também a grande imprensa teria de registrar?
Com sinceridade e simplicidade – suas grandes armas – e não com aquela coisa de pronunciamento “feito” por marqueteiro.
Volto, depois, com os temas tratados com Lula, mas já fica aí o que penso ser mais importante e urgente.
O resto, dizia Vicentinho, é secundário.
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