quinta-feira, 25 de maio de 2017

POLÍTICA - "Não houve confronto, houve tentativa de massacre."

Beatriz Cerqueira: “Bomba atirada de helicóptero provocou queimaduras. Não houve confronto, houve tentativa de massacre”

25 de maio de 2017 

Beatriz Cerqueira*, no Facebook

De todas as violências que sofremos ontem em Brasília a que me atingiu fisicamente foi uma bomba, jogada de um helicóptero que fazia rasantes nos manifestantes que retornavam para o ponto de concentração inicial.
Era uma bomba de gás que nos paralisou, provocou vômitos, muita dificuldade de respirar e queimadura que só hoje identifiquei.
A maior de todas as violências, que sofremos coletivamente, foi o Decreto para a utilização das Forças Armadas, uma espécie de estado de sítio, instrumento próprio de ditaduras, de países sem democracia!
Enquanto isso 10 trabalhadores sem terra eram assassinados pela Polícia no Pará.
Este é um governo que mata!
Sofremos a violência da mentira ao vermos um ministro do governo Temer utilizar imagens de um incêndio ocorrido há anos afirmando que a foto era de ontem.
Sofremos a violência do vandalismo que o Congresso Nacional tenta fazer em nossos direitos trabalhistas tentando impor a votação da reforma trabalhista que vai acabar com muitos direitos, jogando as pessoas em situações de subempregos, o vandalismo de termos 14 milhões de desempregados sem que Congresso Nacional e Governo se importem com a vida destas pessoas.
Sofremos a violência da manipulação de informações ao reduzir um ato histórico e grandioso a cenas previamente selecionadas.
Não falaram da força desproporcional do Estado, utilizada contra pessoas que tinham como “armas” camisas para se protegerem do gás.
Não falaram do avanço dos helicópteros em idosos, da utilização de armas letais; da ausência de socorro médico aos feridos, que foram muitos; da violência sofrida pelos jornalistas que igualmente foram atacados pelo Estado.
Não houve nenhum confronto, houve tentativa de massacre! Confronto pressupõe equilíbrio de forças, o que não existiu!
Tentaram esconder o maior ato que a classe trabalhadora realizou em Brasília. Esconderam a dedicação das pessoas que viajaram dias para chegarem e serem recebidos a bala!
Muitos ônibus não conseguiram chegar até a concentração. Parte da marcha não chegou a Esplanada quando a violência policial do Estado começou. Esta marcha envolveu mais de 300 mil pessoas! Foi um verdadeiro OCUPE BRASILIA!!
Um governo oriundo de um processo democrático, diante do tamanho da mobilização, receberia as lideranças e abriria algum diálogo! Mas como estamos diante de um governo ilegítimo, sua única tentativa foi nos silenciar pela violência do estado!
Se vamos falar de vandalismo, falemos de um governo que existe porque o empresariado comprou a votação do golpe, e mesmo com uma rejeição da maioria da população brasileira que hoje pede “diretas já”, quer continuar; falemos de um governo comprovadamente corrupto que quer impor pela força a aprovação de reformas que atingirão o povão, o pobre!
Só um recado: não desistiremos nem sairemos das ruas! Não temos medo das bombas nem do gás!
Beatriz Cerqueira é presidenta da CUT/MG e coordenadora-geral do Sind-UTE/MG

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