Da série "Ditadura Nunca Mais"
Último poema, antes de ser torturada e morta por agentes da Ditadura Militar brasileira:
```"Mãe, me entristece te ver assim
em silêncio, implorando que eu não parta.
Mãe, não sofras se não volto
me encontrarás em cada moça do povo
deste povo, daquele, daquele outro
do mais próximo, do mais longínquo
talvez cruze os mares, as montanhas
os cárceres, os céus
mas, Mãe, eu te asseguro,
que, sim, me encontrarás!
no olhar de uma criança feliz
de um jovem que estuda
de um camponês em sua terra
de um operário em sua fábrica
do traidor na forca
do guerrilheiro em seu posto
sempre, sempre me encontrarás!
Mãe, não fiques triste,
tua filha te quer."```
*Soledad Barrett Viedma**, poeta e intelectual paraguaia, cruelmente torturada e morta pela Ditadura Militar em Pernambuco (Chacina da Chácara de São Bento). Soledad estava gestante de quatro meses, ainda assim, e mesmo assim não fora poupada. Ela foi encontrada nua, dentro de um barril numa poça de sangue, tendo aos pés o feto de 4 meses, expelido provavelmente durante as sessões de torturas. A poetisa havia recebido quatro tiros na cabeça e apresentava marcas de algemas nos pulsos e equimoses no olho direito.
Fonte: @iconografia.da.historia
Soledad estava grávida do Cabo Anselmo, o traidor que a entregou assim como seus outros companheiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário