Do site Luis Nassif on line
Por Joaquim Aragão
Gostei sobretudo do resultado da pesquisa do "Instituto Fernando de Barros e Silva":
"Nesse universo, de cada dez pessoas que batem palmas para a presidente, nove parecem fazê-lo exatamente porque ela seria uma espécie de negação do padrinho."
Pena que não tenha acesso à amostragem e à metodologia do "survey"!
Realmente, o "poste" está provocando uma enorme poluição de emissão eletromagnética nas comunicações da grande imprensa. O tratamento que ela está dispensando à mídia, sem enfrentamento direto ("Ley de Medios"), mas reagindo caso-a-caso a todos os obstáculos que esta lhe coloca no caminho, está dando certo.
Por esse método, ela espera que a imprensa continue atacando até cometer um erro (ver escândalo Vela, Zé Dirceu), para defender o direito de resposta (por enquanto, fica por aqui, esperando a próxima pisada de bola). Não é a toa que a Newsweek alertou: Não brinquem com ela!
A invenção do racha entre Lula e Dilma, a fabrica de escândalos e, esta derrotada, a colocação da "faxina" na pauta governamental, o descontentamento da base aliada e tudo mais, até agora deram tiro n´água:
1) Tentam criar um fosso entre Dilma, a culta, e Lula, o analfabeto. Mas os dois estão mais unidos do que Putin e Medeyev...
2) Aos escândalos, reage com análise caso-a-caso, demitindo os acusados a) quando sua situação fica insustentável; b) quando a imprensa já tem outra pegadinha na sua pauta central.
3) A imprensa tenta reagir pautando a faxina, esperando daí provocar racha no Governo. Como nada disso ocorre, inventa que a Dilma "voltou atrás com sua promessa de faxina"....
No momento, parece que voltou a calmaria. Mas não se iludam: não haverá nunca um "consenso nassifiano" entre o Governo e o establishment sócio-político. NUNCA a imprensa içará a bandeira branca para o governo federal. Isso porque:
a) pouco importa se as elites acabam se beneficiando com as políticas públicas corretas: PT, Lula e Dilma não pertencem ao establishment. É uma questão de identidade de classe e poder, e o PT simplesmente não tem direito de dar certo para as elites e sua imprensa.
b) a política de comunicação do Governo, embora respeitosa com os grandes meios de comunicação, não lhes faz sala, sobretudo não lhes reserva a parte do leão das verbas de comunicação, que têm de ser divididos com os meios mais próximos à comunidade, chamadas de imprensa "chapa branca" pelos jornalões.
Enquanto que o establishment não voltar ao Poder, não haverá trégua. As notícias serão sempre ruins (esperem só o noticiário, quando o tsunami da crise econômica mundial, mas grave do que a de 2008, chegar por aqui!!! Tudo será culpa do governo!), e os cidadãos simplesmente não terão direito de dormir tranquilos, satisfeitos com o governo.
A opinião pública tem de ficar todo o período do governo petista em sobressalto, deprimida, triste, independentemente dos resultados positivos das políticas governamentais. Simplesmente não tem direito à satisfação!
Tudo mudará, quando o establishment voltar ao Poder (afinal, a rotatividade existe, o que não é negativo em si): aí, sim, o Brasil estará no rumo certo, a miséria contida, o desmatamento da Amazônia também. E os escândalos sumirão das manchetes...
Mas para isso chegar, há muito trabalho pela frente. Nem o DEM nem o PSDB estão ainda apontando com alternativa de Poder, por absoluta ausência de propostas, especialmente em uma era onde o neo-liberalismo foi desmascarado como imoral e ineficiente. A "esquerda de resultados" continua dando as cartas, e está até assustando a mídia globalizada.
Sorry, tucanos: embora ainda prefira o PT, a alternativa de Poder que me parece mais plausível nesse momento é o PSB...
Enquanto isso, Dilma se revela com luz própria: embora "filhote político" de Lula, ela dispensa cada vez mais sua tutela, vai impondo seu estilo próprio de governar, adequado a um momento diferente ao período lulista, e assim aumentando a probabilidade de sua re-eleição, sem que isso provoque nenhuma rusga entre ele e Lula.
Realmente, a situação é desesperadora!
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