Vinte anos depois, refloresce a rosa socialista às margens do Sena.
Pedro do Coutto
Exatamente isso. Vinte anos depois, como no romance em que Alexandre Dumas pai encerrou a saga eterna dos Mosqueteiros, a rosa vermelha dos socialistas renasce na França e floresce de novo às margens do Sena. A rosa da esperança, como a definiu na sucessão de 75 o pensador católico Alceu Amoroso Lima, na etapa final de sua vida mais cristão do que católico, num belo artigo no Jornal do Brasil.
Foi fantástica como O Globo destacou na edição de segunda-feira a vitória nas urnas comunais de domingo a vitória do Partido Socialista. Basta dizer que conquistou 23 ou 24 das 27 cadeiras em jogo. O noticiário deixou leve dúvida quanto ao número exato.De qualquer forma, os socialistas assumiram a maioria do Senado, algo que não sucedia desde 1965. Pelo telefone, a analista política Tatiana Martins Pedro do Coutto, minha filha e de Elena, disse na manhã de segunda-feira que empolgado com o desfecho, praticamente uma prévia indicativa de relativo peso para as eleições presidenciais de 2012, o PS ai realizar sua consulta interna para escolher qual será seu candidato a enfrentar Nicolas Sarkozy e Marine Le Pen.
Segundo a bela reportagem de O Globo, praticamente uma página inteira, os favoritos são François Hollande e Marine Aubry. De acordo com as pesquisas, François Hollande está popularmente mais forte.O Partido Socialista, historicamente aliado aos Verdes e ao Partido Comunista, que já foi forte na França mas hoje está fraco, de 65 anos para cá somente uma única vez não foi ao segundo turno. Quando Chirac se reelegeu no ano de 2000. A final foi entre ele e Jean Le Pen, direitista como sua filha, Marine, candidata agora em seu lugar.
Uma explicação: os socialistas disputaram com Lionel Jospin, que fora primeiro ministro de Jacques Chirac. Como poderia representar uma posição de reforma contra o governador conservador do qual fez parte? Com Jospin fora da disputa, o Partido Socialista optou por Chirac contra Le Pen. Assegurou a vitória da Unidade Movimento Popular (UMP) e assim evitou a derrota total.
Seja como for, está fora do poder desde a reeleição de Mitterrand em 1988. Ele havia perdido para De Gaulle no segundo turno em 65, derrotado por Giscard D’Estaing em 75, vitorioso sobre o mesmo Giscard em 82. Na primeira derrota para D’Estaing a diferença foi de 0,6%. Na revanche, venceu por 3 pontos, diferença considerável em matéria de eleições francesas. Ao se reeleger, em 88, ganhou disparado: 7 pontos sobre Chirac.
Em 75, Amoroso Lima escrevia: Giscard era o candidato do presente, Mitterrand o do futuro, o direitista Chalban, o do passado. A rosa vermelha permaneceu dois mandatos nos jardins do Palácio Eliseu. François Mitterrand , vítima de câncer, seguiu para a eternidade. O PS perdeu o rumo com Jospin e não conseguiu retomá-lo com Segolene Royal. Porém a ex-esposa de Hillande foi ao segundo turno.
Agora o desgaste de Nicolas Sarkozy é muito grande. Em março, quando eu e Elena estivemos em Paris, o jornal Liberation publicou pesquisas apontando para ele uma rejeição de 71%. Muito alta. Já no mês passado, talvez em função de gravidez da Carla Bruni, a desaprovação desceu para 66 pontos. Difícil reverter. As eleições são em maio. O segundo turno, quase certo, será no final desse mês ou no início de junho.
Encontrando a unidade, tudo leva a crer que o PS vai subir no embate e ganhar nas urnas, a menos que François Hollande não esquente a campanha. Vê-se agora que o terceiro postulante do PS, Strauss Kahn, no episódio de Nova Iorque jogou sua candidatura no colo da camareira Tesifou. Coisas do destino, coisas da política. Não foi o primeiro, não deverá ser o último.Vejam só o exemplo de Gary Hart, nos EUA, em 84. Um encontro em Washington com Dona Rice e lá se foi a escalada para chegar à Casa Branca. Surpresa? Nem tanto. Antes de todos eles, e até de Jesus Cristo, Cleópatra arrebatou a paixão de dois imperadores: Júlio Cesar e Marco Antonio.
Fonte: Tribuna da Internet
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