A presidente Dilma Rousseff quer aproveitar a troca do seu ministro do Esporte para endurecer as negociações com a Fifa e a CBF e evitar que a Copa de 2014 no Brasil se transforme, nas suas palavras, numa "festa particular" das duas organizações.
A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo, 27-10-2011.
O sucessor de Orlando Silva terá mais duas missões: fazer uma mudança na gestão do ministério, o que implicará demissões de assessores do PC do B, e retirar a pasta do noticiário negativo.
Segundo assessores, Dilma quer também um auxiliar que jogue firme nas negociações com as entidades do futebol. Ela conversou há poucos dias com a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente sul-africano Jacob Zuma, dirigentes dos dois países que sediaram as últimas copas do mundo. Os diálogos teriam reforçado sua disposição.
Tanto Merkel como Zuma disseram à presidente que a Fifa encara o campeonato como um evento exclusivo dela e tenta definir tudo. Na Alemanha, por exemplo, a Fifa tentou restringir a venda de cerveja local para favorecer uma cervejaria patrocinadora do evento, mas acabou cedendo diante da resistência do governo alemão.
Já a África do Sul não teve condições de resistir tanto como a Alemanha, segundo relatórios internos produzidos pelo Planalto que subsidiaram Dilma para as conversas com os dois colegas.
A Fifa quer que o Brasil altere suas leis nos Estados para não oferecer meia-entrada a estudantes. Além disso, a entidade torce o nariz para a proibição de venda de bebidas alcoólicas nos estádios. A Fifa já vendeu cotas de patrocínio a uma cervejaria, que reclama da restrição.
A decisão de endurecer só aumentou depois das últimas declarações do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, vistas pelo governo como uma intromissão em assuntos internos. O dirigente comentou a sucessão de Orlando Silva antes mesmo de sua queda. Na sexta, Valcke disse que já esperava tratar com "um novo representante do país" a Lei Geral da Copa.
A assessores, Dilma lembrou que o governo está colocando dinheiro público na preparação da competição e, por isso, não pode admitir que ela acabe se transformando em uma "festa particular" da Fifa e da CBF.
Fonte: IHU
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