terça-feira, 18 de outubro de 2011

POLÍTICA - A entrevista com Cabo Anselmo.

Enviado por luisnassif, ter, 18/10/2011 - 07:44

Por wilson yoshio.b...

Da Agência Estado

Agente infiltrado durante a ditadura, Cabo Anselmo diz que é sustentado por empresários

Jair Stangler, do Estadão.com.br



José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, disse nesta segunda-feira, 17, ser sustentado por empresários. A declaração foi dada em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Anselmo ficou conhecido no período da ditadura militar, quando atuou como agente infiltrado da repressão, levando à prisão de diversos militantes de esquerda – na mesma entrevista, ele admitiu que podem ser entre 100 e 200, entre eles, a própria namorada, Soledad Barret Viedma.

Criticou a proposta da Comissão da Verdade. “Tem que ter gente da esquerda e da direita”. Disse não se incomodar de entrar para a história como traidor: “O que eu posso fazer quanto a isso?”



Mais de 20 anos depois do fim da ditadura, Anselmo ainda está em situação de clandestinidade. Ele pleiteia o reconhecimento de sua identidade e ainda, o pagamento de uma pensão – a exemplo do que acontece com vários militantes de esquerda. Na entrevista, afirmou que se pudesse votar, teria votado em José Serra.

Antes da ditadura, Anselmo liderou um movimento de marinheiros que acabou precipitando o golpe militar de 1964.

Veja como foi:

23h28 – Questionado se se incomoda de entrar para a história como traidor, Anselmo pergunta: “O que eu posso fazer quanto a isso?”

23h26 – Quem assassinou eu não sei. Quem entregou eu fiz parte disso. Quem entregou era o dr. Carlos. Para descobrir quem matou, tem que ir atrás dos agentes do Dops.” Questionado se estão na polícia de São Paulo, Anselmo responde: “Sim, claro.”

23h18 – Anselmo não conta nomes. “Acho que eu não devo constranger certas pessoas.” Promete que dará nomes que possam ajudar a descobrir informações sobre a ditadura à Comissão da Verdade.

23h09 - Anselmo diz que mudou de ideia sobre a revolução quando esteve em Cuba. “Não queria aquilo, queria uma revolução nacionalista, como Brizola defendia.”

23h03 – “Eu era um cabra marcado para morrer. Fui preso várias vezes e não fui morto. A própria presidente Dilma foi presa e não morreu.”

23h00 – Anselmo diz que não sabe o que estão os desaparecidos, embora soubesse que alguns estavam mortos. “Eu não tinha contato com a parte operacional de matar e prender. Mas tinha informações de bastidores.”

22h56 – “Eu fui expulso da Marinha. Houve uma anistia. Então, todo esse tempo que eu fiquei fora da Marinha não existiu.” Anselmo diz que é sustentado por 3 pessoas, mas não conta os nomes. “É gente que é empresário.”

22h52 – Diz que não tem contato com outros ‘cachorros’ da ditadura. Segundo ele, os nomes dos agentes da ditadura estão nos arquivos da ditadura que os militares não querem abrir. Afirma que contaria o que sabe à Comissão da Verdade, mas desde que participassem gente da esquerda e da direita. “E não só de um lado” como, segundo ele, acontece até agora.

22h52 – Anselmo admite que pode ter contribuído com a morte de 100 a 200 pessoas.

22h48 – Cabo Anselmo diz que entregou companheiros para abreviar a luta armada. “O povo brasileiro era meu tio, minha…” Questionado se ele também não havia abandonado sua família, Anselmo diz que isso aconteceu apenas porque ele estava na Marinha.

22h40 – “Eu tenho uma dúvida” sobre a morte do Dr. Fleury. “Na época que eu convivi com ele, ele era o Dr. Fleury. Convivi com ele e me acostumei com isso. O Dr. Tuma tinha muito mais poder que o Dr. Fleury.” Anselmo nega que soubesse que Tuma ou Fleury praticassem tortura. “Só me lembro do Henrique Perrone. Tuma, Fleury, todo mundo sabia da tortura.”

22h32 – Anselmo diz que quando militou na esquerda foi um “ator”. “Está sendo um ator agora?” “Não.”

22h30 – A nselmo nega que tivesse contato com a presidente Dilma. “A inferência que eu faço é que Dilma foi uma moça que fazia uma coisa de organização. O que eu sei da presidente Dilma é o que eu leio nas revistas.”

22h27 – “Se eu soubesse o que aconteceria, não teria feito. Mas me arrepender não vai trazer ela de volta. Já haviam morrido muitos, e muitos outros morreriam”, argumenta.

22h23 – “Soledad não acreditava naquilo. Existia entre nós um carinho muito grande. Esse negócio não está bem resolvido dentro de mim hoje. Eu tenho uma dor muito grande pelo que aconteceu com aquela mulher bela, que era poeta. Mas também ela estava metida numa luta que não devia estar”, conta Anselmo.

22h22 – Anselmo nega que Soledad não estava grávida e diz que só soube da morte de sua mulher, Soledad, pelo jornal.

22h20 – “Eu falei para o dr. Fleury: em vez de deixar a Soledad presa, manda ela para Cuba. Ela tem uma criança para cuidar. Eu era um preso. Quem passava as informações era o meu sombra, que era agente de Fleury.”

22h17 – “Ela não me dava nenhuma informação. Nós tínhamos uma relação marital.” Cabo Anselmo diz que não sabia o que aconteceria com Soledad.

22h15 – Perguntado se teria arrependimento sobre o massacre de Recife, quando 6 pessoas – inclusive sua mulher na época, Soledad – que Anselmo teria entregado. “Soledad era filha de dirigentes comunistas paraguaios. Ela foi para Cuba treinar para ser agente comunista em qualquer parte do mundo. Quem escolheu esse risco? Quem escolheu pegar em armas?”

22h12 - Cabo Anselmo diz que só passou a colaborar com a ditadura depois que sofreu tortura. “Depois do pau de arara, depois dos choques elétricos.”

22h04 - O apresentador Mário Sérgio Conti pergunta ao cabo Anselmo se ele se arrepende mais de ter servido à ditadura ou de ter combatido a ditadura. “Nem uma coisa nem outra. Eu me arrependo de ter saído da Marinha e de ter passado à insubordinação”, respondeu. Diz que aderiu espontaneamente à ditadura porque percebeu que a esquerda estava errada.


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