terça-feira, 18 de outubro de 2011

POLÍTICA - Eleições paulistas.

Direita não se entende e união entre tucanos e PSD permanece instável.


Por Redação - de São Paulo


Alckmin tenta convencer os partidários do PSDB a fechar acordo com o PSDB

A direita paulistana tenta se organizar para as eleições do ano que vem mas os tons dissonantes dos discursos do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da capital, Gilberto Kassab, ainda apontavam para direções opostas nesta segunda-feira, sem um acordo para a cabeça da chapa que poderá reunir parcela do PSDB ao recém-fundado PSD. Enquanto Alckmin diz que apóia a aliança, Kassab refuga ao negar a liderança do acordo aos tucanos, que querem seguir com o neopessedistas, mas usam o tempo de TV da legenda como fator preponderante para a escolha do futuro candidato à sucessão municipal.

– É natural que todos tenham suas expectativas. Mas quando um partido coloca condições para fazer uma aliança é um mau começo – disse o prefeito a jornalistas, que o questionaram se o PSD insistirá na cabeça de chapa.

Kassab quer que em 2012 o PSDB apoie o seu candidato – o vice governador Guilherme Afif Domingos ou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles – em troca de uma aliança pela reeleição de Alckmin em 2014.

Mas, no Palácio dos Bandeirantes, a orientação é costurar até março o maior número de apoios para engordar o tempo de TV, aumentar o cacife do PSDB e oferecer a Kassab o cargo de vice. Para a articulação funcionar, Alckmin quer postergar as prévias tucanas para o primeiro trimestre de 2012, de modo que o “jogo possa ser jogado até lá”. A estratégia enfrenta a resistência de pré-candidatos do PSDB que exigem a disputa em dezembro.

– O governador também manifestou essa expectativa (da aliança PSD-PSDB). Entendo, antes de mais nada, que precisamos trabalhar pela aliança. Num segundo momento, vamos decidir quem são os melhores candidatos dessa aliança – afirmou Kassab, que disse ter “profundo respeito pelos que já apresentaram seus nomes, inclusive para disputar as prévias no PSDB”.

Ao defender a aliança na sexta-feira, Alckmin também evitou falar em nomes:

– Estamos abertos para construirmos todos juntos uma grande aliança em torno de uma proposta para São Paulo, independentemente de nomes.

No PSDB, nenhum dos quatro pré-candidatos empolga a cúpula do partido, embora Alckmin incense o nome do secretário Bruno Covas (Meio Ambiente). Os outros pré-candidatos são Andrea Matarazzo (Cultura), José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli. Há dez dias, Alckmin encontrou-se, separadamente, com o ex-governador Alberto Goldman e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem discutiu a aliança. Ouviu os argumentos a favor do acordo e o risco de que uma derrota na Prefeitura deixaria o PSDB em situação ainda mais difícil no país.

Alckmin tenta agora costurar as alianças que poderão viabilizar o partido na negociação com o PSD. Os tucanos já têm garantido 4min06s, por dia, no horário eleitoral gratuito de 2012 – dois terços são calculados com base na bancada eleita para a Câmara em 2010 e um terço, rateado entre os partidos com candidato. Por enquanto, o PSD, por não ter eleito deputado, não tem tempo de TV.

Alckmin tem um caderno com a capa do Santos, no qual costuma anotar as prováveis configurações partidárias em 2012. Ele e os principais interlocutores no palácio consultam uma tabela com o cabeçalho: “Tempo TV – Partidos”, presente nas principais reuniões para discutir política. Detalhe: a distribuição do tempo de TV que consta da tabela tucana não está correta.

O PSDB aposta na aliança com DEM, PP e PSB. Amarrou os três partidos com cargos no governo e ameaça retaliar quem não apoiar a legenda. Os tucanos dizem ter garantias da cúpula do DEM, reforçadas em almoço recente no Palácio dos Bandeirantes. Além da participação no governo, foi colocado na mesa o apoio em Salvador à candidatura de ACM Neto em 2012 ou 2014.

Ocorre que o DEM flerta com o PMDB, do pré-candidato Gabriel Chalita. O vice-presidente Michel Temer reuniu-se com o presidente da legenda, José Agripino, para tratar da aliança, que também passa pelo apoio em Salvador e no Rio Grande do Norte.

Temer também quer o PP no projeto de Chalita. Em conversas com o presidente do partido, Francisco Dornelles, foi dito que a sigla não está compromissada com o PSDB, embora tenha obtido a presidência da CDHU em troca do apoio em 2012.

Mas a aliança que mais preocupa o Palácio dos Bandeirantes é com o PSB. O presidente do partido, o governador Eduardo Campos (PE), reuniu-se neste final de semana com Kassab, com quem tem compromisso de apoio na eleição paulistana.

Alckmin, entretanto, aposta num acordo com o PSB. Disse isso a Campos em conversa recente. Entrou pessoalmente na negociação a favor da indicação da mãe de Campos, Ana Arraes, para a vaga no TCU. Nomeou o presidente estadual do PSB, Márcio França, secretário de Turismo em troca de apoio em 2012.

Os tucanos, cientes de que Campos quer aumentar a sua influência no Sudeste, sinalizaram com o apoio a candidatos do PSB em Campinas, São José do Rio Preto e Carapicuíba. Embora Campos já tenha anunciado a intenção de caminhar com o PSD, os tucanos dizem não fazer sentido a legenda abrir mão de uma aliança em São Paulo, que pode durar até 2014, “por uma aventura” em 2012. A não ser que PSD e PSDB estejam unidos.
Fonte: Correio do Brasil

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